O dólar norte-americano manteve-se firme nos mercados internacionais, apoiado por expectativas cautelosas antes da divulgação dos dados de inflação ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos, previstos para esta semana. A trajectória da moeda reflecte uma combinação de apostas na manutenção de taxas de juro elevadas pela Reserva Federal (Fed) e procura por activos de refúgio num contexto global marcado por tensões económicas e geopolíticas.
Contexto Macroeconómico e Expectativas
A valorização recente do dólar insere-se num quadro em que a política monetária dos EUA permanece no centro das atenções dos investidores. Os dados de inflação a serem divulgados poderão definir a intensidade e o calendário de eventuais cortes ou prolongamento das taxas de juro, actualmente nos níveis mais altos em mais de duas décadas. Caso a inflação venha acima das expectativas, o mercado poderá consolidar a leitura de que a Fed manterá os juros elevados por mais tempo, reforçando a atractividade do dólar.
Impactos no Mercado Cambial
A força do dólar tem provocado ajustes significativos nas principais paridades cambiais. O euro e a libra registam perdas moderadas, enquanto o iene japonês continua sob pressão, reacendendo discussões sobre possíveis intervenções do Banco do Japão. Para moedas de mercados emergentes, incluindo de países exportadores de commodities, o impacto é duplo: maior pressão cambial e potencial aumento nos custos de financiamento externo.
Commodities e Fluxos de Capital
O fortalecimento do dólar tende a pesar sobre o preço das commodities denominadas em dólares, como o petróleo e o ouro, tornando-as mais caras para compradores que operam noutras moedas. Esta dinâmica poderá reduzir a procura e criar volatilidade adicional nos mercados de matérias-primas. Ao mesmo tempo, os fluxos de capital tendem a favorecer activos norte-americanos, penalizando mercados emergentes e reforçando movimentos de fuga para a qualidade.
Dimensão Geopolítica e Riscos Associados
A leitura do mercado sobre o dólar não é apenas técnica. Tensões comerciais entre os EUA e a China, incertezas sobre a estabilidade política em várias regiões e conflitos persistentes alimentam a procura por activos considerados seguros. O dólar, sustentado pela dimensão da economia norte-americana e pelo papel central do sistema financeiro dos EUA, reforça assim a sua função de reserva global num momento em que os investidores privilegiam previsibilidade e liquidez.
Perspectivas
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p dir=”ltr”>Se a inflação norte-americana surpreender em alta, o dólar poderá prolongar a sua trajectória de ganhos, com implicações para a competitividade das exportações norte-americanas, a estabilidade cambial de países emergentes e o preço global das commodities. Por outro lado, um dado mais fraco poderá abrir espaço para uma correcção cambial, reacendendo o apetite por risco e aliviando pressões sobre activos emergentes.
Fonte: O Económico