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O dólar norte-americano registou ligeiras oscilações nesta quinta-feira, mantendo-se próximo dos mínimos de três anos e meio, enquanto os mercados aguardam os dados de emprego nos EUA que poderão redefinir a trajectória da política de juros da Reserva Federal. Ao mesmo tempo, um novo acordo comercial entre os EUA e o Vietname alimenta esperanças de estabilização nas relações comerciais globais.
A cotação do dólar index, que mede a força da moeda norte-americana face a um cabaz de seis divisas, situava-se em 96,701 pontos, mantendo-se num nível historicamente baixo. O índice está em trajectória de queda semanal, com perdas acumuladas de 0,5%.
A atenção dos investidores está centrada no relatório oficial de emprego de Junho, cuja divulgação está prevista para esta quinta-feira. A expectativa ganhou força após dados da ADP revelarem uma quebra nas folhas salariais privadas, a primeira em mais de dois anos, o que fez crescer a especulação sobre uma possível mudança de política monetária.
Segundo o CME FedWatch, a probabilidade de a Reserva Federal cortar as taxas de juro em Julho subiu para 25%, contra 20% no dia anterior. A analista Charu Chanana, do Saxo Bank, sublinhou que “a impressão da ADP elevou significativamente as expectativas para os dados de hoje. O que antes poderia ser interpretado como ‘más notícias são boas notícias’ (por forçarem cortes de taxas) pode agora apenas ser visto como más notícias, sobretudo se a narrativa de recessão ganhar força”.
Libra e euro: sinais mistos
A libra esterlina, que na véspera caiu quase 1% devido a tensões políticas no Reino Unido, mostrou ligeira recuperação após o Primeiro-Ministro Keir Starmer reafirmar publicamente o apoio à Ministra das Finanças, Rachel Reeves. A moeda britânica era negociada a 1,3647 dólares nas primeiras horas do dia na Ásia, enquanto o euro permanecia estável nos 1,1806 dólares, próximo dos máximos registados desde Setembro de 2021.
Pressões comerciais e novas tarifas
No plano externo, o Presidente Donald Trump anunciou um acordo com o Vietname, no qual se fixaram tarifas de 20% sobre produtos vietnamitas e 40% sobre bens transaccionados por via de terceiros países. O anúncio, embora sem muitos detalhes, surge como parte da estratégia americana para reestruturar as cadeias globais de fornecimento antes do prazo de 9 de Julho, data-limite estabelecida para negociações tarifárias multilaterais.
“É importante observar como a China vai reagir, dado que as novas tarifas visam claramente as transacções trianguladas. Isto mostra que as cadeias globais de valor estão em plena reconfiguração”, alertou Chanana.
Enquanto isso, no plano doméstico norte-americano, os republicanos enfrentam dificuldades na Câmara dos Representantes para aprovar o ambicioso pacote fiscal e de cortes de impostos de Trump, com divisões internas a adiarem decisões chave.
A confluência entre incertezas económicas internas e as tensões comerciais internacionais coloca o dólar numa posição frágil, reforçando o peso dos dados laborais de Junho como factor determinante para os próximos passos da Fed. A volatilidade nos mercados cambiais e financeiros deverá manter-se até que se clarifiquem os contornos da política monetária e comercial dos EUA.
Fonte: O Económico