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O dólar norte-americano registou uma ligeira recuperação esta terça-feira, 10 de Junho de 2025, sustentado por uma postura prudente dos investidores perante o prolongamento das negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China, realizadas em Londres, que ainda não produziram avanços concretos.
A expectativa crescente em torno da publicação dos dados de inflação dos EUA e a ausência de detalhes firmes sobre o desfecho das conversações bilaterais contribuíram para manter os mercados num estado de vigilância estratégica. Apesar de declarações encorajadoras do Presidente Donald Trump e de outros altos funcionários, o mercado cambial permanece cético.
Segundo Charu Chanana, estratega-chefe de investimentos da Saxo, “a extensão das conversações e o tom positivo de alguns intervenientes podem oferecer algum alívio temporário, mas os mercados exigem progresso estrutural real para se deixarem convencer”.
A presente ronda de negociações visa revitalizar a trégua temporária acordada em Genebra, anteriormente centrada na suspensão de tarifas. No entanto, os temas actuais são de maior complexidade e sensibilidade: controlo de exportações de chips, acesso a metais raros e restrições a vistos para estudantes chineses. Tal amplitude estratégica torna mais difícil alcançar resultados tangíveis num curto espaço de tempo.
O índice do dólar (DXY), que mede a moeda norte-americana face a seis divisas principais, subiu 0,2% para 99,189, mantendo-se, contudo, perto dos mínimos de seis semanas atingidos recentemente. No acumulado do ano, o índice recua 8,7%, reflectindo a aversão dos investidores aos activos dos EUA, afectados pela incerteza tarifária e pela dívida pública em ascensão.
O euro desvalorizou 0,17% para 1,14 dólares, enquanto a libra esterlina fixou-se em 1,3543 dólares. Já o dólar australiano — tradicionalmente visto como um barómetro de sentimento de risco — manteve-se estável em 0,652 dólares. O dólar neozelandês recuou ligeiramente para 0,60425 dólares, mantendo-se próximo dos máximos de sete meses alcançados na semana anterior.
O iene japonês, por sua vez, enfraqueceu 0,2% para 144,90 por dólar, após declarações do Governador do Banco do Japão, Kazuo Ueda, que sinalizou que a instituição poderá manter as taxas inalteradas na próxima reunião. “Continuaremos a ajustar o grau de estímulo monetário assim que tivermos mais confiança de que a inflação subjacente se aproxima dos 2%”, afirmou Ueda no parlamento.
Apesar da recente fraqueza, o iene acumula uma valorização superior a 8% face ao dólar em 2025, impulsionado pelos fluxos de refúgio em contexto de volatilidade gerada pelas políticas comerciais erráticas de Washington.
Fonte: O Económico