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Dugongo aponta factores económicos, custos operacionais e regulação como determinantes para a estrutura de preços do cimento em Moçambique

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A Dugongo Cimentos veio a público responder às recentes críticas e especulações sobre os preços do cimento praticados em Moçambique, reforçando a necessidade de compreender os custos de produção, a influência do mercado cambial e as exigências regulatórias que moldam a estrutura de preços do sector.

Num comunicado detalhado, a empresa destaca que a ideia de que o preço do cimento pode ser reduzido arbitrariamente abaixo de 300 meticais por saco ignora a complexidade dos factores que determinam o seu custo final. Segundo a Dugongo, alterações no preço do carvão, do gasóleo e a desvalorização do metical impactam diretamente os custos de produção, inviabilizando reduções abruptas sem comprometer a sustentabilidade da operação.

Por que o preço do cimento não pode ser reduzido drasticamente?

A Dugungo esclarece no seu posicionamento, que a produção de cimento envolve um processo industrial intensivo, que depende de uma série de variáveis económicas e logísticas. O preço do carvão, essencial para a produção, aumentou significativamente nos últimos anos, passando de 3.840 para 6.450 meticais por tonelada. O gasóleo, outro insumo fundamental, também registou um aumento expressivo, subindo de 47 para 91 meticais por litro.

“A necessidade de importar equipamentos e matérias-primas essenciais coloca a produção do cimento sob forte dependência da taxa de câmbio, que sofreu variações significativas”, afirma. Recorde-se que, desde que a Dugongo iniciou as suas operações, o metical desvalorizou de 57:1 para 64,5:1 em relação ao dólar, encarecendo ainda mais os custos de importação.

Outro factor que a Dugongo refere é o investimento feito na infraestrutura da empresa. Segundo a Dugongo, até ao momento não conseguiu recuperar metade do investimento inicial, o que reforça a necessidade de manter uma política de preços que assegure a viabilidade financeira da operação.

Diante deste contexto, a empresa argumenta que reduzir os preços abaixo de um certo patamar não seria apenas insustentável, mas também poderia colocar em risco o abastecimento do mercado. Se a produção se tornasse inviável, o País poderia enfrentar novamente um cenário de escassez e de preços elevados, como acontecia antes de 2021, quando Moçambique dependia fortemente de importações para suprir a procura interna.

Exportação para África do Sul: estratégia financeira, não concorrência desleal

A Dugongo Cimentos também esclareceu uma das críticas recorrentes sobre a sua política de exportação, nomeadamente, a alegação de que o cimento vendido na África do Sul tem um preço inferior ao praticado no mercado moçambicano.

Segundo a empresa, essa diferença de preços deve-se à necessidade de obtenção de moeda estrangeira para financiar a importação de matérias-primas e combustível. As exportações para a África do Sul não são uma operação lucrativa, mas sim uma estratégia para garantir a sustentabilidade financeira da produção.

Além disso, a Dugongo afirma que as exportações representam apenas 5% da sua produção total e que o preço praticado no mercado sul-africano não está abaixo dos valores cobrados pelos fabricantes locais. A empresa assegura que segue rigorosamente as regras da concorrência e que a sua atuação no mercado externo não prejudica a competitividade do setor.

Disparidade de preços entre o sul e o norte do País

Outra questão abordada pela Dugongo refere-se à variação de preços do cimento entre diferentes regiões de Moçambique. No sul do país, o preço médio ronda os 420 meticais por saco, enquanto no norte pode ultrapassar os 620 meticais.

A empresa explica que essa diferença é justificada pelos elevados custos logísticos, uma vez que o transporte para as províncias do norte exige um investimento maior em infraestrutura e operações. A distância entre as unidades de produção e os mercados consumidores influencia diretamente o custo final do produto, tornando-o mais caro em algumas regiões do país.

Regulação e monitorização do mercado pela ARC

A Dugongo Cimentos sublinha que os preços praticados no sector são monitorizados pela Autoridade Reguladora da Concorrência (ARC), que tem o papel de impedir tanto a especulação com preços elevados como práticas anticoncorrenciais baseadas em preços artificialmente baixos.

A empresa recorda que, em 2022, foi multada pela ARC por vender cimento a valores considerados excessivamente baixos, o que foi interpretado como uma tentativa de distorcer o mercado. Como consequência, foi obrigada a reajustar os seus preços para garantir o cumprimento das normas regulatórias.

Dessa forma, qualquer redução drástica nos preços poderia levar a novas penalizações, além de comprometer a estabilidade do setor cimenteiro nacional.

Compromisso com o desenvolvimento económico e a estabilidade do setor

A Dugongo Cimentos reitera que está comprometida com o desenvolvimento do sector da construção e a estabilidade do mercado moçambicano. Actualmente, emprega directamente mais de 800 trabalhadores e gera milhares de empregos indiretos em toda a cadeia de suprimentos.

A empresa destaca que a sua presença no mercado foi fundamental para estabilizar os preços do cimento em Moçambique, reduzindo a dependência de importações e garantindo um fornecimento regular para a indústria da construção.

Num contexto de debate público sobre o preço do cimento, a Dugongo apela a uma discussão mais informada e transparente, baseada em dados concretos e na realidade do setor. Reitera ainda a sua disponibilidade para dialogar com o governo e as entidades reguladoras, com o objetivo de encontrar soluções que promovam um ambiente de negócios mais sustentável.

A empresa acredita que o fortalecimento da infraestrutura, a otimização dos custos logísticos e o incentivo à eficiência produtiva são os caminhos mais eficazes para garantir a redução de custos e a melhoria do setor a longo prazo.

Com esta declaração, a Dugongo procura esclarecer as preocupações do mercado, reforçando a sua posição como um agente de estabilização do setor cimenteiro e garantindo que continuará a atuar dentro dos parâmetros legais e económicos que regem a indústria.

Fonte: O Económico

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