27.1 C
New York
Sunday, October 12, 2025
InícioNacionalPolíticaEFEMÉRIDE: O primeiro tiro foi há 61 anos

EFEMÉRIDE: O primeiro tiro foi há 61 anos

ISAÍAS MUTHIMBA

FALAR da história de um país ou narrar os factos nela contidos pode configurar um mero exercício de verbo, mas a sua análise profunda leva a compreender fenómenos actuais que resultam da mesma, permitindo que melhor se perspective a nossa vida futura.

Cada indivíduo tem a sua história e as suas estórias, mas a história colectiva nos leva a uma reflexão profunda sobre como podemos agir perante a realidade que vivemos e isto faz pensar no percurso para ver se o estágio em que nos encontramos coincide com as linhas traçadas desde o começo.

Hoje é 25 de Setembro, consagrado como Dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM). Passam, precisamente, 61 anos desde aquela façanha que mudou a vida de Moçambique, motivo para tornar a festa de todos os moçambicanos.

Para muitos, a data não passa de mais um feriado nacional, uma ocasião que nos permite não irmos ao trabalho ou à escola, mas para outros é a lembrança de um momento de determinação sem olhar para ganhos próprios, mas para o bem de todo povo.

Seria redundante contar apenas, durante todos os anos, o que aconteceu no dia 25 de Setembro de 1964 sem, no entanto, parar para reflectirmos sobre o significado desta determinação que transformou o rumo da história de Moçambique que, durante séculos, esteve a caminhar em trevas.

Nunca é demais lembrar que foi nesta data que jovens moçambicanos decidiram partir para a luta armada, não porque eram belicistas, mas porque viram goradas as tentativas de obtenção da independência de forma pacífica perante a dominação colonial portuguesa.

A história de luta contra a ocupação colonial ensina que naquela data foi dado o primeiro tiro no posto administrativo de Caia, na província de Cabo Delgado, marcando o início da insurreição geral armada de todo o povo moçambicano, que viria a resultar na assinatura dos Acordos de Lusaka, Zâmbia, no dia 7 de Setembro de 1974.

Este é o motivo pelo qual, todos os anos, as FADM fazem festa corporizada por diversas actividades, desde culturais, desportivas e, o mais significativo, fazem a demonstração da pujança e renovam o seu comprometimento com a defesa da soberania contra qualquer ameaça à pátria.

Como forma de galvanizar a mobilização popular para o contínuo apoio directo e indirecto às Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM), no dia 25 de Setembro de 1970, quando passavam, exactamente, seis anos do início da luta, Samora Machel, presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), fez uma exortação que serviu de oxigénio para continuar-se a combater.

“Seis anos de guerra não é pouco. Já não estamos no começo, mas muito nos resta para terminar. Provámos que não podíamos ser vencidos, temos ainda de demonstrar que podemos vencer. Não é no primeiro dia que a mangueira se torna árvore imensa, mas como a mangueira que cresce, estamos profundamente enraizados na terra que é o nosso povo e os primeiros frutos são já saboreados pelas massas”, começou por dizer na sua mensagem Samora, abrindo uma perspectiva que ainda hoje norteia a prontidão com que as Forças Armadas continuam a se orientar para manter Moçambique livre.

Estas palavras continuam actuais, passados 55 anos, pois prevalece o grande desafio das FADM, que é o combate ao terrorismo, em Cabo Delgado, mas o seu alcance extravasa a componente militar e propõe aos moçambicanos a dar mais tiros contra vários fenómenos que ameaçam a nossa existência como sociedade.

O entendimento de que a caminhada não é ainda suficiente para se chegar ao fim da luta actual, rumo à independência económica, pode ser oxigénio para o debate político em curso, onde todos são chamados a dar a sua contribuição, independentemente da filiação partidária, condição económica ou crença religiosa.

Se Samora considerou o sexto ano do início da luta armada como “o ano da revolução”, é chegado o momento de festejarmos a passagem dos 61 anos do primeiro tiro como de múltiplas revoluções na organização da sociedade moçambicana, envolvendo todos os sectores de produção.

Como disse Samora Machel, provámos que somos capazes de vencer porque as várias provações de que o povo moçambicano passou demonstram que há uma resistência baseada no patriotismo e vontade de ter um Moçambique melhor. Se a árvore não pode crescer em um dia, é preciso que os moçambicanos, cada um no seu sector, continue a firmar as raízes e continuar a regar e adubar a planta para que, muito rapidamente, os frutos possa beneficiar a todos os cidadãos.

 

Fonte: Jornal Noticias

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!

- Advertisment -spot_img

Últimas Postagens

Jaime Neto diz que vandalização de instituições em Gaza visa sabotar...

0
O Secretário de Estado de Gaza, Jaime Neto, denuncia a sabotagem à governação por trás dos ataques às escolas na província, enquanto o especialista em...
- Advertisment -spot_img