Elísio Macamo questiona formação dos agentes da PRM 

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O sociólogo Elísio Macamo diz que a expulsão dos agentes da PRM ligados aos tumultos de ontem em Bobole, na província de Maputo, não é a medida mais correta. No seu entender, é preciso questionar os instrumentos que o  Ministério do Interior usa desde a formação até a actuação da Polícia.

Elísio Macamo reagiu em torno do baleamento de um menor e o consequente  linchamento de um agente da Polícia, na localidade de Bobole, província de Maputo.  O sociólogo começa por lamentar o sucedido e questiona a formação dos agentes da Polícia da República de Moçambique. 

“A coisa mais importante para mim, não é o comportamento daquele agente ontem, não é o comportamento individual do agente policial, para mim a coisa mais importante é como é que os nossos agentes são formados, que tipo de mecanismos existem   na Polícia e no Ministério do Interior para que eles se comportem devidamente. Eu tenho a certeza que, quando eles saem em missão de serviço, ninguém diz a ele para se comportarem mal”, disse o sociólogo. 

Macamo alerta que a expulsão dos agentes envolvidos não resolve a crise de valores que se vive na corporação, dado que os instrumentos que regulam a Polícia têm-se revelado ineficazes. 

“Não foram os agentes que falharam, foram os instrumentos que falharam. Portanto, acho um pouco curioso que eles sejam responsabilizados. É assim que tem que ser, mas não acho que seja essa a medida correcta. A medida política correcta é questionar os mecanismos que a própria Polícia tem, que o Ministério do Interior tem    para garantir que a nossa Polícia se comporte bem”, explicou Macamo. 

Por outro lado,  Elísio Macamo defende a responsabilização dos envolvidos no linchamento do agente da PRM. 

“Mas é importante, que, por exemplo, sejam identificadas aquelas pessoas que cometeram aquele crime, e que sejam responsabilizadas, pois isso vai moralizar a nossa sociedade. Eu estou muito mais preocupado com as pessoas que participaram naquilo. Como é que eles se sentiram à noite, quando foram para casa. Parecendo que não, naquele ambiente de euforia, de multidão, as pessoas podem não se dar conta da sua individual, mas quando já estiverem  sozinhas em casa, sem mais ninguém, como é que elas gerem essa coisa que elas fizeram”, questionou. 

Elísio Macamo falava à margem de uma oficina de ideias denominada “Responsabilidade da Juventude em Tempos de Crise”, na qual explicou a razão da promoção do debate: “É que nós estamos a atravessar, naturalmente, um momento de crise política (…) toda gente sabe o que aconteceu depois das eleições e sabe, portanto, que nós vivemos num ambiente polarizado e quando a polarização numa sociedade, significa que o diálogo é difícil. As pessoas não se levam a sério, cada um só ouve a sua voz e cada qual procura sempre defender as suas convicções. Então, quando é assim, tem que ter alguém a trazer a voz da razão, sobretudo, tem que ser a pessoa que tem a responsabilidade de continuar com este país, que é o jovem”.  

O evento da iniciativa Manifesto Cidadão visa promover a cidadania activa, reflexão crítica e apresentação de soluções para o reforço da democracia no país.

Fonte: O País

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