Entendimento Sino-Russo Sobre o Power of Siberia 2 Reforça Eixo Estratégico Eurasiático

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Mais do que um gasoduto, o acordo simboliza a consolidação da aliança energética e política entre Moscovo e Pequim, num contexto de reconfiguração da ordem global

A assinatura do acordo para o gasoduto Power of Siberia 2, entre a Rússia e a China, tem um alcance que ultrapassa a dimensão energética. Mais do que um contrato de fornecimento de 50 mil milhões de metros cúbicos anuais de gás durante três décadas, o entendimento simboliza a consolidação de um eixo estratégico eurasiático que desafia a ordem global liderada pelo Ocidente.

O anúncio do acordo foi feito em Pequim, após o encontro entre Vladimir Putin e Xi Jinping. O projecto prevê o transporte de gás da Sibéria Ocidental para o norte da China através da Mongólia, reforçando a posição de Pequim como cliente de referência da energia russa num momento em que Moscovo perdeu o seu maior mercado – a Europa.

Com a União Europeia decidida a cortar totalmente a dependência energética russa até 2027 e com perdas superiores a 120 bcm/ano de exportações de gás desde 2022, a Rússia acelera a sua “viragem para o Oriente”. Para a China, o entendimento assegura uma fonte estável de energia, numa conjuntura de crescente rivalidade com os Estados Unidos.

Analistas consideram que o acordo simboliza a nova correlação de forças. Christopher Granville, da TS Lombard, sublinha que se trata de um “sinal claro do apoio estratégico da China à Rússia como pilar central de uma ordem multipolar em formação”. Timothy Ash, do Chatham House, nota que Pequim terá aproveitado a necessidade russa para impor condições mais favoráveis, reforçando a sua posição negocial.

Ainda que falte um acordo definitivo sobre preços e a decisão final de investimento, o memorando assinado marca um avanço substancial em relação a anos de impasse. O precedente do Power of Siberia 1 mostra, contudo, que entre um entendimento político e a concretização técnica pode mediar quase uma década.

O anúncio ocorreu à margem da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), onde Rússia e China procuraram apresentar-se como motores de uma nova ordem económica e de segurança. No seu discurso, Xi Jinping destacou que o mundo atravessa “uma nova fase de turbulência” e que a governação global encontra-se “num cruzamento”, reafirmando a necessidade de alternativas ao modelo ocidental.

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Mais do que infra-estrutura energética, o Power of Siberia 2 emerge assim como símbolo da interdependência estratégica Moscovo–Pequim: para a Rússia, representa sobrevivência económica e diversificação de clientes; para a China, garante segurança energética e projecção geopolítica no quadro de uma ordem multipolar.

Fonte: O Económico

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