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A moeda única europeia e o dólar norte-americano registaram ganhos significativos esta segunda-feira, após o presidente Donald Trump ter recuado na ameaça de impor tarifas de 50% à União Europeia, concedendo um novo prazo até 9 de Julho para um eventual entendimento comercial.
Num volte-face típico da sua abordagem à política externa, Trump anunciou no domingo que adiaria para 9 de Julho a aplicação das tarifas punitivas, previstas inicialmente para 1 de Junho. A decisão foi comunicada após uma conversa telefónica com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que solicitou mais tempo para concluir as negociações.
Esta mudança de tom, apenas dois dias depois de ameaças duras, alimentou uma reacção positiva nos mercados cambiais. O euro valorizou-se 0,3% face ao iene japonês, situando-se nos 162,60 ienes, e avançou 0,2% contra o dólar norte-americano, atingindo $1,1382 — o valor mais elevado desde 30 de Abril.
Também o dólar recuperou terreno, ganhando até 0,4% frente ao iene, situando-se em 143,085 ienes, após uma queda de 1% na sexta-feira. A libra esterlina manteve-se estável nos $1,3535, enquanto o dólar australiano atingiu o seu valor mais alto desde 7 de Maio, cotando-se a $0,6505.
“Os mercados provavelmente assumiram — e com razão — que o desfecho das tarifas EUA-UE não será de 50%, embora o caminho até lá continue incerto”, observou Ray Attrill, responsável pela pesquisa cambial do National Australia Bank. Ainda assim, alertou que eventuais revisões em baixa das expectativas de crescimento global penalizariam moedas pró-cíclicas como o dólar australiano.
Apesar da trégua com a Europa, Trump manteve a ameaça de uma tarifa de 25% sobre iPhones não fabricados em solo americano, elemento que havia provocado forte instabilidade no final da semana anterior.
Noutra frente de tensão, o presidente norte-americano admitiu que a sua proposta de lei orçamental e de cortes fiscais — já aprovada pela Câmara dos Representantes — sofrerá “alterações significativas” no Senado. Segundo o Gabinete de Orçamento do Congresso, o plano actual poderá adicionar 3,8 biliões de dólares à dívida pública dos EUA, hoje estimada em 36,2 biliões, no espaço de uma década.
Fonte: O Económico