Explosão da Inteligência Artificial Aumenta Pressão Sobre o Sector Energético Mundial — Moçambique Também é Chamado a Agir

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Destaques:


A revolução da Inteligência Artificial impõe exigências sem precedentes sobre os sistemas eléctricos mundiais. Moçambique não está à margem deste fenómeno e, com investimentos crescentes no sector digital, enfrenta o desafio de reforçar a sua infraestrutura energética para não desperdiçar as oportunidades trazidas pela nova economia da IA.

Desenvolvimento:
A Inteligência Artificial (IA) afirma-se como força motriz do crescimento económico global, mas com um preço: um consumo energético vertiginoso. Os centros de dados — infraestruturas críticas para o funcionamento da IA — consumiram, só em 2023, cerca de 500 terawatts-hora de electricidade. Este número, divulgado pela OPEP e citado pelo FMI no seu World Economic Outlook de Abril de 2025, representa o dobro do consumo médio anual registado entre 2015 e 2019 e poderá atingir os 1.500 TWh até 2030. Para comparação, este volume aproximar-se-á do consumo anual da Índia.

Nos Estados Unidos, onde se localiza a maior concentração de centros de dados, o consumo de energia deverá ultrapassar os 600 TWh até ao final da década. Esta escalada global impõe exigências urgentes aos decisores políticos, que terão de garantir um fornecimento eléctrico robusto e diversificado. A ausência de respostas estruturadas poderá levar a aumentos acentuados dos preços da energia, travar o crescimento da IA e comprometer os objectivos climáticos: estima-se que, entre 2025 e 2030, o acréscimo nas emissões possa chegar a 1,7 gigatoneladas, o equivalente às emissões energéticas de Itália num período de cinco anos.

Moçambique: Numa Encruzilhada entre Oportunidade e Risco

Embora distante dos grandes centros tecnológicos, Moçambique começa a posicionar-se na nova economia digital com a entrada de actores estratégicos. A empresa Raxio, especializada em infraestruturas de centros de dados, anunciou recentemente a instalação do seu primeiro data center carrier-neutral no país. Paralelamente, a Vodacom Moçambique tornou-se a primeira operadora de telecomunicações a obter a certificação internacional ISO 50001 em gestão de eficiência energética, consolidando o seu compromisso com uma transformação digital sustentável.

Estes dois empreendimentos colocam Moçambique na rota dos fluxos de dados globais e do armazenamento digital, mas levantam uma questão crítica: o país está preparado, do ponto de vista energético, para suportar esta nova vaga tecnológica?

Actualmente, as limitações de fornecimento eléctrico representam um dos maiores riscos para a consolidação e expansão destas infraestruturas. Sem energia suficiente, fiável e a preços competitivos, o potencial de crescimento da economia digital será fortemente limitado — e com ele, a capacidade de Moçambique se integrar nos circuitos globais de inovação e investimento.

Um Chamado à Acção Energética e Estratégica

A análise do FMI sublinha que apenas políticas enérgicas e coordenadas entre governos e empresas permitirão responder adequadamente ao desafio. Modelos de IA eficientes podem reduzir o consumo por unidade de processamento, mas a massificação do seu uso e a crescente sofisticação dos modelos exigirão volumes energéticos ainda mais elevados.

Para Moçambique, o desafio é duplo: reforçar urgentemente a sua capacidade de geração e distribuição eléctrica, ao mesmo tempo que garante um ambiente regulatório e fiscal que incentive o investimento em infraestruturas tecnológicas e energéticas complementares. A integração das energias renováveis e o fortalecimento da rede nacional serão factores críticos neste percurso.

Em suma, a IA representa uma nova fronteira de crescimento económico — mas apenas para os países que estejam preparados para alimentá-la.

Fonte: O Económico

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