Falta de notas atrasa conclusão de cursos na ECA-UEM

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Um grupo de estudantes finalistas da Escola de Comunicação e Artes (ECA), da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), queixa-se de estar a enfrentar sérios atrasos na conclusão dos seus cursos, devido à ausência de notas no sistema. A direcção da instituição propõe um exame especial como solução, mas alguns estudantes rejeitam a medida e ameaçam levar o caso aos tribunais.

O ambiente na ECA está marcado por um clima de frustração. Os estudantes dos regimes laboral e pós-laboral dizem estar impedidos de defender monografias, obter certificados e candidatar-se a oportunidades de emprego ou estudos, por falta de notas no sistema de gestão “SIGA”.

“Estamos há muito tempo à espera da resolução deste problema. Isso está a bloquear a nossa vida académica e profissional”, disse uma das estudantes que preferiu o anonimato.

Para alguns estudantes, o problema começou após o falecimento da docente responsável pela disciplina em questão, em 2020. Desde então, outro docente teria assumido a cadeira e realizado as avaliações.

“Já se passaram quase quatro anos. É inaceitável que uma universidade como a UEM tenha este tipo de falhas. Há colegas que já entregaram a monografia, mas não podem defender por causa de uma única nota, e nós fomos avaliados. Hoje não reconhecem as notas”, lamentou outro finalista.

Em resposta às reclamações, a directora da ECA, Ezra Nhampoca, reconheceu que houve falhas na gestão das notas, mas refutou algumas alegações dos estudantes, afirmando que o exame especial é, neste momento, a única solução viável para encerrar o caso.

“A direcção da ECA está ciente da situação e lamenta o transtorno causado. Propusemos um exame especial dentro de duas semanas, para garantir que os estudantes possam concluir os seus cursos”, explicou Nhampoca.

Contudo, a proposta não foi bem acolhida por todos. Parte dos queixosos consideram injusto fazer um novo exame, alegando que já foram avaliados e que o erro é puramente administrativo.

“Não aceitamos fazer exame de uma disciplina que já fizemos. O problema não é nosso, é da gestão da ECA. Vamos recorrer à justiça, se for necessário”, referiu uma estudante.

Os queixosos denunciam ainda alegados casos de favoritismo, indicando que alguns colegas da mesma turma já têm a nota da disciplina e conseguiram concluir os cursos, enquanto outros permanecem retidos sem explicações claras.

“Há colegas que têm a nota no sistema e já têm certificado. Porque uns sim e outros não?”, questiona um finalista, apontando para o que considera um tratamento desigual.

A direcção da ECA garante que vai investigar o caso e promete responsabilizar eventuais infractores. A transição do sistema electrónico SIGA 1 para SIGA 2 também é apontada como um dos factores que contribuíram para o problema, afectando até mesmo a emissão de certificados.

“Sabemos que há estudantes que aguardam há mais de dois anos pelos seus certificados. Estamos a trabalhar com os serviços centrais da universidade para resolver a situação”, garantiu Nhampoca.

Para o advogado Mpasso Camblege, a solução é o respeito pelas normas internas da universidade e uma gestão mais eficiente dos processos académicos.

“A UEM deve seguir os seus regulamentos internos e garantir que os estudantes não sejam penalizados por erros institucionais. É preciso melhorar a comunicação e a gestão do sistema electrónico”, afirmou.

Caso a situação não seja resolvida com celeridade, a direcção da ECA diz que encaminhará o assunto à reitoria da UEM.

Fonte: O País

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