Resumo
Os fluxos de investimento de portefólio para mercados emergentes abrandaram para 26 mil milhões de dólares em Setembro, o valor mais baixo em quatro meses, de acordo com o Institute of International Finance (IIF). A redução é atribuída a fatores como a fragilidade macroeconómica global, reavaliação de riscos e perda de confiança nos ativos chineses. Investidores estrangeiros aplicaram 26,2 mil milhões USD em dívida e ações de mercados emergentes, uma queda significativa em relação a meses anteriores. A China registou a maior saída de capitais desde Novembro, enquanto os mercados emergentes excluindo a China captaram 35,1 mil milhões USD, indicando uma mudança seletiva no apetite de risco. A América Latina destaca-se pela resistência, enquanto a Ásia e a Europa de Leste enfrentam desaceleração.
Os investidores estrangeiros aplicaram 26,2 mil milhões USD em dívida e acções de mercados emergentes durante Setembro, uma queda expressiva face aos 47,1 mil milhões USD de Agosto e aos 63,5 mil milhões USD do mesmo mês de 2024, revela o relatório mensal do IIF.
A deterioração foi dominada pela fuga de capitais da China, onde as acções registaram o maior movimento negativo desde Novembro e os títulos de dívida apresentaram o primeiro saldo mensal negativo desde Janeiro. Em contraste, os mercados emergentes ex-China captaram 35,1 mil milhões USD, o melhor desempenho desde Fevereiro, sinalizando uma reconfiguração selectiva do apetite de risco.
“Com as condições macroeconómicas globais ainda frágeis e os riscos geopolíticos por resolver, os fluxos de portefólio para mercados emergentes deverão continuar positivos, mas cada vez mais concentrados e condicionais”, afirmou Jonathan Fortun, economista sénior do IIF.
O IIF salienta que os investidores se mostram mais seletivos e conservadores, favorecendo emissores soberanos com rating mais alto e evitando mercados considerados voláteis ou politicamente instáveis.
Em Setembro, a emissão de dívida soberana totalizou 50 mil milhões USD, impulsionada pelo México, e pode levar 2025 a superar o recorde histórico de 2020. Contudo, os emissores de menor qualidade creditícia continuam a enfrentar acesso restrito aos mercados.
Como o Cenário Global Está a Redesenhar o Investimento nos Emergentes
A desaceleração ocorre após o primeiro corte de juros da Reserva Federal (Fed) em 2025. Embora tenha aliviado parcialmente o custo do capital, o impacto positivo parece estar a perder força, já que as preocupações com o comércio global, a inflação e as tensões geopolíticas continuam a dominar a percepção de risco.
Os fluxos para títulos de dívida mantiveram-se sustentados por fundamentos sólidos e juros reais elevados, mas o interesse em acções mostra-se volátil, especialmente na Ásia.
Regionalmente, a Ásia Emergente captou quase 14 mil milhões USD, a América Latina 8,2 mil milhões, África e Médio Oriente 2,6 mil milhões, enquanto a Europa Emergente ficou atrás com 1,4 mil milhões.
O IIF nota que a América Latina tem resistido melhor, apoiada por fundamentos macro mais robustos e políticas monetárias prudentes, enquanto a Ásia e a Europa de Leste enfrentam sinais de desaceleração.
Mudança de Rumo no Apetite Global por Risco
A queda dos fluxos sinaliza um recuo temporário na confiança global, mas também uma selecção mais apurada dos destinos de capital. O dinheiro continua a fluir — ainda que mais devagar — para economias emergentes com governação sólida, disciplina fiscal e potencial de crescimento interno, ao passo que os mercados excessivamente dependentes da China ou expostos a volatilidade cambial sofrem penalizações.
Em síntese, o movimento de Setembro reforça a tendência de fragmentação no mapa dos emergentes:
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A retracção dos fluxos de investimento para mercados emergentes não representa uma fuga total, mas antes uma mudança de estratégia dos investidores globais, que procuram qualidade, previsibilidade e resiliência num ambiente mundial ainda incerto.
Para o IIF, o cenário de 2025 será marcado por fluxos positivos, mas cada vez mais concentrados e exigentes, num contexto em que o capital se tornará mais selectivo e a confiança dependerá da capacidade de cada país em provar estabilidade macroeconómica e política.
Fonte: O Económico