O dólar norte-americano parece pronto para estender a sua mais longa sequência de vitórias semanais em mais de um ano, sustentado pelo aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro e pelas expectativas de um relatório de emprego robusto nos Estados Unidos. A força contínua da moeda norte-americana destaca o contraste entre a resiliência económica dos EUA e as fraquezas observadas em outras economias globais.
Na semana, o dólar registou uma valorização de 0,5% face ao iene japonês, alcançando 158,03 ienes, e avançou mais de 1% em relação à libra esterlina, que atingiu o seu valor mais baixo em 14 meses, pressionada por preocupações com as finanças britânicas e pela venda generalizada de títulos no Reino Unido. Contra o euro, a moeda americana permaneceu estável, com a taxa de câmbio fixada em 1,0926 dólares por euro, enquanto pequenos ganhos foram observados em relação aos dólares australiano e neozelandês.
O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda em relação a uma cesta de seis outras divisas principais, está a caminho de registar o seu sexto ganho semanal consecutivo, subindo 0,25% na semana para 109,18 pontos, a mais longa série de ganhos desde uma sequência de 11 semanas em 2023.
Factores por trás da força do dólar
A resiliência do dólar deve-se, em parte, aos rendimentos crescentes dos títulos do Tesouro dos EUA, com os rendimentos a dez anos a subir quase 9 pontos base na semana, para 4,68%, marcando um aumento acumulado de 96 pontos base desde meados de Setembro de 2024. Este movimento reflecte a percepção de que a economia americana continua forte, mesmo perante condições globais desafiadoras.
Chris Turner, Director Global de Mercados do ING, comentou: “Duvidamos que o dólar precise de devolver grande parte dos seus ganhos recentes, especialmente face aos riscos de alta associados aos dados de emprego nos EUA.” Turner destacou que o índice do dólar encontrou um forte suporte em níveis inferiores a 108 pontos no início da semana.
Expectativas para o Relatório de Emprego
O mercado está ansioso pelo relatório das folhas de pagamento não-agrícolas, que deverá indicar a criação de 150.000 empregos em Dezembro, mantendo a taxa de desemprego em 4,2%, segundo estimativas. Caso os números superem as expectativas, é provável que aumente a especulação sobre um menor número de cortes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal em 2025. Patrick Harker, Presidente da Reserva Federal de Filadélfia, afirmou recentemente que espera cortes nas taxas, mas sublinhou que não há necessidade de uma descida iminente.
Impacto nos mercados globais
O fortalecimento do dólar tem tido repercussões em várias classes de activos. No mercado cambial, as moedas de países desenvolvidos e emergentes continuam sob pressão. A libra esterlina caiu para 1,2295 dólares, tendo atingido um mínimo de 1,2239 dólares no início da semana, o nível mais baixo em 14 meses. O dólar australiano, por sua vez, aproxima-se do seu valor mais baixo desde 2022, registando 0,6190 dólares, enquanto o dólar da Nova Zelândia atingiu 0,5594 dólares, próximo do mínimo de 0,5512 dólares.
A força do dólar também se reflectiu no mercado de criptomoedas. O bitcoin registou uma queda de 5,7% na semana, para 92.600 dólares, um movimento invulgarmente influenciado pelas dinâmicas dos títulos do Tesouro norte-americano. Chris Weston, chefe de pesquisa da Pepperstone, afirmou: “A ligação entre as taxas de juro e os movimentos no mercado de criptomoedas está a tornar-se cada vez mais evidente, embora muitos participantes ainda questionem os factores por trás dessas flutuações.”
Conclusão: Um cenário de fortalecimento do dólar
O dólar continua a beneficiar da sua posição como moeda de reserva global, impulsionado pela resiliência da economia americana e pelas incertezas nas economias concorrentes. No entanto, a trajectória da moeda será moldada pelos próximos dados económicos, particularmente pelo relatório de emprego, e pela política monetária da Reserva Federal, que continua a ser um factor-chave para os mercados globais.
À medida que o mercado observa com atenção os próximos desenvolvimentos, o dólar permanece um pilar de estabilidade num cenário económico global marcado por incertezas e volatilidade.
Fonte: O Económico
