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Gás em Moçambique: desenvolvimento para todos ou nova injustiça social?

[ai_summary timestamp="04/12/2025 às 10:30" summary="Os megaprojetos de gás natural em Cabo Delgado estão de volta, com a ExxonMobil a levantar a declaração de "força maior" no projeto Rovuma LNG, permitindo uma decisão final de investimento em 2026. A retoma das operações traz esperança de crescimento económico, mas levanta questões sobre quem irá beneficiar desta riqueza. O atraso dos projetos devido à insegurança em Cabo Delgado afetou as comunidades locais. A retoma exige garantir segurança, reconstruir vidas e não apenas recuperar a confiança dos investidores. A distribuição equitativa dos benefícios é crucial, evitando a concentração de riqueza. A falta de uma estratégia clara para as receitas pode aprofundar desigualdades. A dimensão ambiental e social, incluindo terras comunitárias e modos de vida, também deve ser considerada. É fundamental garantir transparência e participação das comunidades para evitar que os projetos beneficiem apenas uma minoria."]
Por: Gelva Aníbal

Os megaprojectos de gás natural em Cabo Delgado voltam a ocupar o centro das expectativas nacionais. A recente retoma das operações traz promessas de grande crescimento económico, mas também reacende uma dúvida: Quem irá beneficiar realmente desta riqueza?

A ExxonMobil levantou, em 20 de Novembro de 2025, a declaração de “força maior” no projecto Rovuma LNG, abrindo espaço para uma decisão final de investimento já em 2026.

A notícia foi recebida com entusiasmo por sectores que vêem no gás uma oportunidade para diversificar as receitas do país e impulsionar o desenvolvimento. Mas, ao mesmo tempo, questiona-se se esta prosperidade será distribuída ou concentrada.

O atraso dos projectos não foi apenas uma questão económica; foi consequência directa da insegurança em Cabo Delgado, que atingiu duramente as comunidades locais e interrompeu os investimentos.

Retomar o processo implica garantir a segurança e reconstruir vidas que ficaram à margem das grandes decisões, e não apenas recuperar a confiança dos investidores.

O gás pode tornar-se o motor da economia, mas também um ponto de fragilidade num mercado global altamente instável. Em tempos de transição energética mundial, apostar tudo num só sector pode comprometer o futuro.

Outro risco é a desigualdade, a história do país com recursos naturais já mostrou que crescimento económico nem sempre significa benefícios para a população. Sem uma estratégia clara para que as receitas cheguem aos cidadãos, em serviços públicos, empregos locais e melhoria da qualidade de vida, a exploração pode aprofundar injustiças já existentes.

A dimensão ambiental e social também não pode ser ignorada. Terras comunitárias, pescas e modos de vida estão em jogo. Garantir salvaguardas, transparência e participação das comunidades é tão importante quanto garantir retorno financeiro.

Se os projectos servirem apenas para fortalecer uma minoria, o país terá perdido mais uma oportunidade histórica. Mas, se forem guiados por políticas inclusivas e pela responsabilidade social, podem transformar realidades e reduzir desigualdades.

A riqueza do subsolo não pode permanecer distante da vida das pessoas que habitam a superfície. O desenvolvimento só será verdadeiro quando for colectivo.

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