GDS Cascais SAD é o nome do clube que recentemente foi adquirido pelo fundo neerlandês ve2ventures e que promete chegar aos patamares mais altos do futebol português nos próximos anos.
O Maisfutebol teve a oportunidade de estar à conversa com Gonçalo Moura, CEO do clube, e questioná-lo sobre alguns dos objetivos propostos, com destaque claro para uma ascenção «meteórica» até à II Liga no prazo de cinco anos, tendo em conta que o GDS Cascais SAD se encontra atualmente na segunda divisão distrital.
Mais do que uma meta, Gonçalo Moura olha de forma «otimista» para a situação e garante que dentro de portas, é esse o foco de todos, incluindo de David Dwinger, CEO do ve2ventures.
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Maisfutebol: Objetivo do GDS Cascais SAD é chegar à II Liga até 2030. Como será possível fazê-lo?
Gonçalo Moura: Acho que essa é a pergunta de um milhão de euros. Essa expetativa é bastante otimista, porque estamos na sexta divisão daquilo que é a pirâmide competitiva em Portugal, ou seja, a segunda divisão distrital. Implicaria fazer uma corrida quase perfeita até chegarmos à II Liga.
MF: Como é que surgiu esta ideia e todo o projeto à volta do clube?
GM: O projeto começou em 2021/22, com o Nuno Mousinho Esteves a tentar criar um clube em Portugal que fosse ligado aos EUA diretamente, para que existisse uma ligação com benefício económico e que tornasse a coisa sustentável. Grande parte das SAD em Portugal não são sustentáveis, estão em constante declínio, a menos que exista uma daquelas vendas “milagrosas”. Quando entrei em setembro de 2023 para o cargo de diretor comercial, até ao fim da época desportiva conseguimos criar produtos e serviços na ordem dos 200 mil euros.
MF: (…)
GM: O grupo v2ventures vinha a Portugal para comprar a Liga 3 e a II Liga, não era para comprar um clube na sexta divisão. Quando olharam para as pessoas que integravam o projeto e para Cascais, que é um nome “sexy” e uma cidade apelativa, acabaram por querer entrar devido a todos estes fatores. Sendo isto um investimento, o retorno tanto pode ser a dez anos, como pode ser a cinco ou a dois. Além disso, tanto pode ser de 100 por cento, como pode ser de um por cento ou até de 1000 por cento. certo é que a nossa cultura e mensagem interna é que efetivamente vamos estar na II Liga em 2030. Falta é construir as bases para que isso possa acontecer.
MF: Quais foram os principais fatores para o investimento da ve2ventures no GDS Cascais SAD? Sente que a cidade de Cascais teve um peso importante nessa decisão?
GM: A cidade de Cascais teve um impacto significativo, o negócio até se confirmou quando eles vieram cá. As primeiras vezes fizemos as coisas online e de forma virtual, sendo que o negócio só se fez quando passaram cá uns dias e perceberam as condições que a Câmara Municipal de Cascais oferece aos seus clubes. Existe uma União de Clubes que apoia os clubes da zona de Cascais e tem uma das maiores taxas de apoio no que a Câmaras Municipais diz respeito. O facto destas instalações serem tão boas, os recursos materiais para podermos trabalhar, e poder adicionar a isto o ambiente à volta, com o estádio a poucos metros do mar, tudo isto contribuiu para o investimento.
MF: (…)
GM: Fomos solicitados e abordados por vários grupos e rapidamente percebemos a diferença entre um especulador e um investidor. Fazíamos algumas perguntas e percebíamos se a pessoa não conhecia bem o contexto, o que fazer e os valores. Acho que Cascais é a cereja no topo do bolo e o juntar de todas as coisas positivas que construímos nos últimos tempos.
MF: Além do objetivo da II Liga, o projeto que tive oportunidade de ler falava de tentar levar a equipa às competições europeias num prazo de dez anos. Sente que este objetivo é de facto concretizável?
GM: Se olharmos para os presidentes dos vários clubes, existe um toque de ambição e de vontade de fazer as coisas crescer. Esse objetivo não é uma prioridade para já, porque têm de acontecer outras coisas para chegarmos lá. Somos ambiciosos, olhamos para a II Liga e para as competições europeias, mas não sabemos como vai estar o contexto daqui a cinco anos. Será que os direitos televisivos vão melhorar assim tanto a condição dos clubes, como é espectável? Depois temos de perceber como é que o resto do mundo vai olhar para Portugal e se vai querer continuar a investir cá.
MF: (…)
GM: Seria incrível olhar para o Cascais SAD daqui a dez anos e ver o clube nas competições europeias, não escondo essa alegria e essa vontade. Cascais, em termos tecnológicos, as pessoas que aqui moram e os recursos que tem é um caso de estudo.
Fonte: Mais Futebol