O Governo reiterou esta quarta-feira, 09/04, na Assembleia da República, que acredita na recuperação da companhia aérea nacional, Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), através de um processo de reestruturação que inclui o reforço da gestão com o envolvimento de empresas públicas sólidas, nomeadamente a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), os Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM) e a Empresa Moçambicana de Seguros (EMOSE).
A garantia foi dada pelo Ministro dos Transportes e Logística, João Jorge Matlombe, durante a Sessão de Informações do Governo, em resposta a uma interpelação da bancada parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) sobre o futuro da LAM.
Perdas acumuladas superam 127 milhões de dólares em quatro anos
O Ministro revelou que, entre 2021 e 2024, a LAM acumulou prejuízos superiores a 127 milhões de dólares norte-americanos, detalhados da seguinte forma:
Apesar do cenário financeiro crítico, o Governo descartou a privatização como solução, tendo encomendado estudos técnicos e financeiros que apontaram para a manutenção da empresa sob controlo público, com entrada de capital de empresas estatais financeiramente viáveis.
Plano de recuperação: horizonte de três anos e compromisso colectivo
“Com investimentos adequados e uma reestruturação firme, a LAM poderá alcançar estabilidade operacional e financeira num prazo de três anos”, afirmou Matlombe.
O governante alertou, contudo, que o sucesso do plano depende do compromisso de todos os intervenientes, desde os gestores até aos próprios passageiros. A prática recorrente de viagens sem pagamento, frequentemente atribuída a sectores políticos e institucionais, foi criticada como um dos factores que compromete a sustentabilidade da empresa.
“Não podemos esperar resultados diferentes mantendo práticas do passado. Não há milagres. A recuperação da nossa companhia de bandeira depende do compromisso e da responsabilidade colectiva”, sublinhou o ministro.
Falhas no contrato com a Fly Modern Ark (FMA)
Matlombe reconheceu que o contrato celebrado em 2023 com a empresa sul-africana Fly Modern Ark (FMA), para a gestão temporária da LAM, não previa cláusulas de penalização, o que considerou uma fragilidade que deve servir de lição para intervenções futuras.
“Os resultados negativos não podem ser atribuídos apenas à gestão da FMA. São reflexo de anos de dificuldades acumuladas”, justificou.
Reestruturação do sector empresarial do Estado é prioridade
O Ministro enquadrou o processo de reestruturação da LAM numa estratégia mais ampla de reforma do sector empresarial do Estado, com o objectivo de tornar estas empresas mais sustentáveis, geradoras de receita e impulsionadoras do desenvolvimento económico nacional.
“O Governo está empenhado em fazer melhor, com mais rigor, transparência e dedicação. Mas é imprescindível o apoio de todos para que os objectivos sejam alcançados”, concluiu.
Fonte: O Económico