O Governo moçambicano vai criar, até 2026, uma Unidade de Prevenção e Combate aos Raptos e ao Crime Organizado, uma iniciativa inscrita no novo Programa Quinquenal 2025-2029 e anunciada pelo Ministro do Interior, Paulo Chachine, durante a recente sessão parlamentar de Informações ao Governo.
De acordo com o governante, o ante-projecto operacional da futura unidade já está em fase de elaboração institucional. A medida responde à crescente complexidade dos crimes de natureza organizada e transnacional, como os raptos, o branqueamento de capitais, o financiamento ao terrorismo, a corrupção e o narcotráfico.
“Estes crimes exigem especialização, actualização permanente dos recursos humanos e equipamentos tecnológicos de ponta”, declarou Chachine no Parlamento.
Capacitação e resultados preliminares
Segundo o Ministro, o Governo já iniciou a capacitação de agentes do SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal) em áreas estratégicas de prevenção e combate a este tipo de criminalidade. O reforço da formação técnica, aliado a novos investimentos em meios operacionais, visa dotar as forças de segurança de condições mais eficazes para enfrentar redes de crime organizado.
De Janeiro de 2024 a Março de 2025, foram registados 21 crimes de rapto, dos quais 19 consumados e 2 frustrados graças à intervenção policial. Neste período, foram detidos 33 indivíduos relacionados com estes crimes e esclarecidos 15 casos com sucesso, resultando na libertação de 8 vítimas.
As acções conjuntas entre a Polícia da República de Moçambique (PRM), o SERNIC e os órgãos de justiça permitiram ainda a apreensão de 12 armas de fogo, 12 viaturas, 28 telemóveis, dois computadores e quatro imóveis que serviam como locais de cativeiro.
Nova abordagem e expectativas
A criação da nova unidade surge como um reconhecimento institucional da necessidade de uma resposta mais robusta, especializada e integrada à criminalidade violenta e sofisticada que tem marcado o país nos últimos anos. A promessa governamental é de investimento contínuo na formação, tecnologia e articulação interinstitucional, com vista à construção de um modelo de segurança proactivo e resiliente.
A decisão está a ser acompanhada com expectativa por sectores empresariais e civis, especialmente nas áreas urbanas, onde o fenómeno dos raptos tem gerado alarme social e impactado o ambiente de negócios.
Fonte: O Económico