Governo Reduz Preço De Referência Do Algodão Para 22 Meticais Por Quilo Mas Garante Apoio Via Crédito Agrícola Digital

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O Governo moçambicano fixou em 22 meticais o preço de referência por quilo de algodão caroço de primeira qualidade para a campanha 2025/2026, representando uma redução de 12% face ao ciclo anterior. A medida, anunciada pelo Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas, visa ajustar os preços aos actuais contextos de mercado, sem recorrer a subsídios directos ao preço, mas assegurando apoio à cadeia produtiva por meio de créditos com juro bonificado e maior controlo digital das transacções.

Para o algodão de segunda qualidade, o preço foi fixado em 15,5 meticais, também abaixo do valor anterior (17,5 MZN), o que representa uma redução de 11,42%. Apesar da queda, o Executivo compromete-se a manter o apoio à produção por via de incentivos à aquisição de insumos e equipamentos, com taxas de juro subsidiadas para produtores organizados e registados na nova plataforma digital agrícola, cuja implementação será iniciada nesta campanha.

“Não vamos subsidiar o preço do algodão, porque não há condições para isso. Em vez disso, vamos apoiar com crédito bonificado, a juro zero, para aquisição de insumos e equipamentos — desde que os beneficiários estejam registados no sistema digital”, declarou o ministro Roberto Albino.

A nova plataforma digital servirá para registar todos os produtores elegíveis, monitorar as transacções de insumos e disciplinar a atribuição dos apoios financeiros. Este sistema pretende combater a informalidade e assegurar transparência e rastreabilidade no uso dos fundos públicos e privados no sector algodoeiro.

Fortalecer a Cadeia de Valor e Integrar Segurança Alimentar

Segundo o ministro, o sector algodoeiro conta com cerca de 100 mil produtores, organizados em associações e inseridos num programa de fomento com regras claras e práticas comerciais sustentáveis. A ideia do Governo é utilizar esta estrutura organizada para diversificar a produção agrícola e fortalecer a segurança alimentar.

“Os produtores de algodão também produzem alimentos. Vamos usar esta plataforma não só para melhorar o algodão, mas para promover o nosso principal objectivo: a produção de alimentos”, explicou Albino.

A digitalização dos processos — desde a concessão de crédito até à comercialização — deverá também consolidar um modelo de gestão mais transparente e orientado a resultados.

Desafios e Perspectivas

Apesar da redução dos preços mínimos, o Executivo desafia os produtores a expandirem a cultura do algodão para outras regiões, aproveitando o suporte logístico e técnico do programa de fomento. A aposta na formalização e digitalização das cadeias poderá melhorar o acesso a mercados e facilitar o controlo fiscal.

No entanto, subsistem desafios, como o acesso a tecnologias, o custo real da produção e a rentabilidade do cultivo em cenário de preços comprimidos. A eficácia da plataforma digital e a adesão dos produtores serão factores determinantes para o sucesso da estratégia agora anunciada.

A revisão em baixa dos preços do algodão confirma o realismo das autoridades perante os actuais constrangimentos orçamentais e de mercado. Contudo, a introdução de crédito bonificado via plataforma digital, associada à formalização da cadeia produtiva, revela uma abordagem moderna e orientada para resultados. Resta saber se a implementação será eficaz e inclusiva — e se os produtores verão nestas medidas um verdadeiro incentivo à continuidade da cultura do algodão em Moçambique.

Fonte: O Económico

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