Antes de embarcar para a capital egípcia, para o encontro que começa na terça-feira, 4 de março, o secretário-geral da ONU disse a jornalistas que a reunião será uma oportunidade para líderes do mundo árabe se unirem em torno de um projeto de paz e estabilidade na região.

Região “no fio da navalha”
António Guterres destacou que os ataques “horríveis” do Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023, e o conflito que emergiu na sequência, desencadearam um “nível sem precedentes de morte e destruição” em Gaza, com hospitais, escolas e serviços essenciais transformados em escombros.
Para o chefe da ONU, a região está no “fio da navalha” e qualquer retomada do confronto entre forças israelenses e o Hamas aprofundaria ainda mais o sofrimento e a instabilidade.
Guterres acredita que os líderes, que se reunirão na cúpula, devem considerar três prioridades: preservar o acordo de cessar-fogo e libertação de reféns com dignidade.
Desde o acordo, as organizações humanitárias conseguiram expandir as operações em Gaza, levando comida a todos os habitantes. Além disso, foi possível duplicar a quantidade de água potável disponível e distribuir material médico para 1,8 milhão de pessoas.
Prevenção de transferência forçada e “limpeza étnica”
Outra prioridade é a necessidade de um “processo político claro”, que estabeleça as bases para a recuperação, reconstrução e estabilidade duradoura de Gaza.
É fundamental prevenir qualquer forma de “limpeza étnica”, garantir que não haverá presença militar israelense a longo prazo em Gaza e que as preocupações legítimas de segurança de Israel serão atendidas.
Guterres enfatizou que Gaza deve continuar sendo parte integrante de um futuro Estado palestino independente, democrático e soberano, “sem reduções no seu território ou transferência forçada da sua população”.
Tanto Gaza como a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, devem ser tratadas como uma unidade política, econômica e administrativa, sob autoridade de um governo aceito e apoiado pelo povo palestino.

Ameaças de anexação na Cisjordânia
Ao se referir à Cisjordânia, Guterres pediu o fim da escalada da violência na área, afirmando que civis estão sendo mortos, casas destruídas, comunidades deslocadas e cuidados de saúde estão sendo negados.
O chefe das Nações Unidas pediu o fim de ações unilaterais, incluindo a expansão dos assentamentos israelenses e as ameaças de anexação.
Guterres concluiu dizendo que o único caminho para uma paz duradoura é aquele em que dois Estados: Israel e Palestina vivam, lado a lado, em paz e segurança, em conformidade com o direito internacional e as resoluções relevantes da ONU. E aqui Jerusalém será capital de ambos os Estados.
Ele ressaltou que tanto israelenses como palestinos merecem viver com estabilidade duradoura, paz e segurança.
O secretário-geral defendeu uma reconstrução sustentável de Gaza, aliada a uma solução política unificada, clara e baseada em princípios.
Fonte: ONU