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HCB Enfrenta Seca Histórica e Alerta Para Riscos Graves à Produção e à Segurança Energética Nacional

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A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) lançou um alerta severo sobre a gravidade da seca que afecta a sua albufeira e compromete seriamente a capacidade de geração de energia hidroeléctrica em Moçambique e na região austral de África. Com apenas 24% da capacidade de armazenamento activa, e níveis de precipitação em mínimos históricos, a HCB classifica o fenómeno como a pior seca dos últimos 40 anos.


Com apenas 24% da capacidade de armazenamento, Cahora Bassa vive o pior cenário hidrológico em 40 anos. Governo e parceiros regionais são chamados a acelerar diversificação energética e acção climática coordenada.

Durante a conferência alusiva aos 50 anos da empresa, o administrador-executivo da HCB, Nilton Trindade, destacou que a actual situação hidrológica impôs restrições severas à produção de energia, com impacto directo sobre as receitas da empresa e sobre a segurança energética nacional e regional. “A quota da albufeira encontra-se nos 306 metros. Os impactos fazem-se sentir em Moçambique e nos países vizinhos”, alertou.

Dados técnicos indicam que a precipitação acumulada em 2023–2024 não ultrapassou os 649 milímetros, o valor mais baixo das últimas três décadas. O défice de afluência à albufeira, face à média histórica, chegou aos 40%, superando o cenário crítico de 2015.

A barragem de Cahora Bassa depende actualmente de três sistemas: 53% do caudal provém da barragem de Kariba (ZRA), 13% do sistema Kafue (ZESCO), e 34% da sua bacia hidrográfica própria, incluindo o rio Luangwa. Em anos de seca, esta dependência externa torna-se mais vulnerável, como demonstrou o engenheiro da ZESCO, Ernest Banda, ao partilhar a experiência da Zâmbia.

Crise Regional e Riscos Sistémicos

A ZESCO revelou que a geração de energia na Zâmbia caiu para metade em 2024, forçando o país a importar electricidade no valor de 40 milhões de dólares. O cenário levou à formulação de um plano nacional de investimento de 8 mil milhões USD até 2030, focado na diversificação energética e expansão da rede de transporte.

“A experiência zambiana é um espelho para Moçambique: depender de hidroeléctricas num contexto de alterações climáticas é financeiramente desastroso”, afirmou Banda.

Resiliência, Expansão e Diversificação Energética

A HCB respondeu à crise com o reforço da estratégia de diversificação da matriz energética, com destaque para o projecto solar fotovoltaico de 400 MW, actualmente em desenvolvimento. Estão igualmente em fase de estudo cinco novos empreendimentos no vale do Zambeze: Central Norte (1245 MW), Pandaquia (1500 MW), Boroma (300 MW), Lupata (600 MW) e Xemba (1000 MW) — que aumentarão a taxa de exploração da bacia de 15% para cerca de 20%.

“Precisamos de modernizar as infra-estruturas, reforçar a monitorização hidrometeorológica e adoptar modelos avançados de previsão climática”, afirmou Trindade.

A empresa destaca ainda o papel da cooperação regional, nomeadamente através do Joint Operations Technical Committee (JOTC) e da Southern African Power Pool (SAPP), como essenciais para uma gestão mais integrada da energia face aos eventos extremos.

O alerta da HCB não é apenas meteorológico — é estratégico. O cenário de seca histórica mostra os limites de um modelo energético demasiado dependente de variáveis climáticas instáveis. O caminho traçado passa pela diversificação urgente, investimento estruturado e coordenação regional. Moçambique, ao lado da Zâmbia e outros parceiros, está agora desafiado a acelerar a transição para uma resiliência energética sustentável, descentralizada e menos vulnerável às alterações climáticas.

Fonte: O Económico

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