“Quando se vai à política o pressuposto é de servir ao povo, mas temos que perceber que antes disso, os políticos não procuram idealismo, mas procuram interesse económico. E isto é comum, não vamos fugir da realidade, e não acontece só com o PODEMOS, mas acontece em outros partidos também”, explicou Ilídio Nhantumbo, reagindo ao pronunciamento de Albino Forquilha sobre o facto da apetência aos cargos do partido estar ligado a “comida”.
Ilídio Nhantumbo não vê nenhuma novidade, mas adverte que não se pode normalizar o uso de cargos políticos para a satisfação de interesses pessoais.
“Não vamos normalizar. Está somente a ser um hábito que não é só de Moçambique, mas os políticos devem aprender que Moçambique se pretende desenvolver como um Estado Democrático e, acima de qualquer interesse dos políticos, é preciso colocar o interesse dos cidadãos e do eleitorado em primeiro lugar”, explicou.
O cientista político, Jorge Matine, por sua vez, defende que as contradições internas que estão a surgir no PODEMOS devem resultar no crescimento do partido e na forma como o partido vai expor as suas ideias para o público. Entretanto, critica a postura de Albino Forquilha.
“A forma como o Presidente do Partido se coloca, ou faz uma leitura daquilo que são as contradições internas, parece-me que o Presidente é uma pessoa com um interesse para que esse nível de disputa não seja o mais cordial ou o mais natural possível. Então, a posição do presidente é primeiro não reconhecer que esse processo de competição interna deve ser um processo normal e deve acontecer dentro de um espírito normal”, explicou o cientista político.
Jorge Matine afirmou ainda que a direcção actual do PODEMOS “não está a agir com a maturidade que deveria transparecer, tendo em conta que quer se tornar a segunda força política no país”.
Para Arsénio Cuco, a intervenção de Albino Forquilha não traz nenhuma novidade, mas revela imediatismo na abordagem do problema, pois nenhum partido assumiu que os seus membros têm usado de cargos para benefícios particulares.
Cuco falou ainda da movimentação de alguns membros de um partido para o outro, na tentativa de chegar ao poder. “Não seria nenhum problema se não fossem interesses económicos, porque as migrações que nós temos são migrações sem ideias (…) o único interesse que subjaz em todos os membros que fazem parte de determinado partido é justamente o acesso de cargos para ter os seus interesses satisfeitos”, explicou.
Refira-se que o membro-fundador do PODEMOS e candidato desistente ao cargo de Secretário-Geral do partido, Alberto Ferreira, submeteu, na última sexta-feira, uma providência cautelar, ao Tribunal Judicial do Distrito Municipal Kamavota, com objectivo de travar a realização da segunda volta de eleições no PODEMOS.
Fonte: O País