Impacto social do Mocambola na vida dos adeptos

Nas bancadas, o Moçambola é emoção, identidade, união. O ponto de encontro entre várias comunidades se junta para ver o Moçambola que é o maior campeonato de futebol a nível de Moçambique. Onde a paixão pelo futebol ultrapassa barreiras sociais e culturais.

 

Por Vanildo Polege

 

E os adeptos são unânimes em afirmar que o Moçambola é um campeonato de muita qualidade havendo necessidade de valorização do que é nosso. Para tal, conversamos com Januário Salvador, adepto do Costa do Sol e Isabel Teme, do Clube Ferroviário de Maputo.

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"Para mim, representa muita coisa. Porque eu, na verdade, voltando um pouco mais para os tempos, eu acompanhei o Moçambola desde o início. Então, para mim, representa muita coisa. Por exemplo, o que nos influencia mais no Moçambola, há quem diz que o Moçambola não tem qualidade. O Moçambola tem qualidade, só que o que se quer, na verdade, é um pouco de a gente, nosso país, valorizar o que é nosso. Então, se a gente olharmos para isso, é quando a gente vai ver que o Moçambola tem qualidade".

 

"O Moçambola, para mim, representa muita coisa. Primeiro, é dali onde conseguimos apanharmos ou adquirirmos os talentos no futebol. Embora que talentos encontremos lá embaixo, e depois tiramos para o Moçambola. Sinto-me muito feliz, é meu divertimento, eu gosto muito de futebol.

Gosto muito quando estou lá, consigo adquirir família, divertimento, consigo cantar. Esse é o dom que eu tenho, que gosto. Gosto de fazer claque, gosto de ajudar as equipas, principalmente a minha equipa, quando está nos maus momentos, para conseguir alcançar o objetivo que é ganhar jogos".

 

MOÇAMBOLA E A JUVENTUDE

 

Há também unanimidade por parte destes adeptos, quanto à influência do Moçambola no afastamento dos jovens dos maus caminhos.

 

"Moçambola é muito bom, porque ocupa os jovens, distancia-se dos jovens, das drogas, Aquele tempo que um jogador está no campo, está treinando, chega em casa, está cansado, já não tem mais espaço para mais brincadeiras".

 

 "É um dos campeonatos que eu acho que acaba distraindo muitos jovens, por exemplo, olhando para a parte das drogas, dos vícios. Então, o Moçambola representa muita coisa, é só a gente olhar mesmo, abraçar aquilo que é nosso".

 

Questionados sobre o tipo de relação entre os adeptos dos clubes, que a cada jogo desdobram-se para ir apoiar as suas equipas, Januário Salvador apontou para uma boa convivência na maioria dos casos, enquanto que Isabel Tembe foi mais longe, ao despontar que até apoia clubes da 2ª Divisão para que subam ao Moçambola, como é o caso do Maxaquene, que apurou-se para a época 2026.

 

"Há momentos em que a gente se encontra em um derby, como hoje, por exemplo, Ferroviária e Costa do Sol. Lá em casa somos família, mas há momentos em que se encontramos aqui, pode haver aquela pouca diferença, porque um pode ser de Ferroviária e o outro de Costa do Sol. Então, a relação em si é muito boa, é muito boa a relação. Então, a relação é boa e saudável e gostamos, na verdade, daquilo que está acontecendo acerca do Moçambola.

 

"A relação é saudável, é saudável. Aqui, no momento de alguém apoiar o seu clube, é claro que, sendo algo de futebol, há que, no momento, pode, talvez, falar uma palavra sem querer, mas a finalidade é que nós todos somos moçambicanos".

 

"O Moçambola, em si, cria amizades, criamos uma família com adeptos de outros clubes, em exemplo concreto, sábado e domingo estive lá, em apoiar o Maxaquene porque queria que o Maxaquene subisse para o Moçambola, mas sendo do Ferroviário. Então, para mim, é uma gratidão em ser um adepto sócio do Clube Ferroviário e estou muito satisfeito por criar amizade com outros clubes, né? Criar uma família, já somos família. Se, por acaso, um adepto daquela equipa está doente ou tem infelicidade, conseguimos nos juntar, conseguimos nos unir para uma só causa".

 

Ser adepto é mais do que estar nas bancadas, é chorar nos momentos maus da equipa, se alegrar nos momentos bons e colocar o coração a vibrar a cada partida.

Os adeptos dos dois clubes falaram um pouco do sentimento que vem à alma quando a sua equipa ganha ou perde uma partida do campeonato.

 

"Quando o Ferroviário ganha, eu fico muito satisfeita, a gente faz festa, a gente canta, estamos no balneário, estamos a conversar com os jogadores, estamos a cantar, eles saem do balneário até o carro, estamos a fazer claquee, estamos a cantar e transmitimos aquela alegria a outros adeptos. Para aquelas pessoas que não gostam do desporto, acabam vindo em massa também, se juntarem a nós, tipo nós também queremos estar lá, nós também temos que passar a gostar do desporto, agora, quando a equipa não ganha, saímos mal no campo, mal dispostos, porque, afinal de contas, o que nós queremos são vitórias. É claro que dentro do campo há três resultados, vitória, empate e derrota, mas o resultado bom para nós é a vitória, mas conseguimos respeitar, porque todas as equipas estão lá, porque querem ganhar".

 

"Na verdade, eu sou daqueles que quando o costa-do-sol perde, porque eu aprendi mesmo na altura que ninguém gosta de perder. Quando são jogos do costa-do-sol e saem a perder, para mim fico muito revoltado, porque sendo o costa-do-sol de raiz e conhecendo o canarinho, aquele costa-do-sol de todos os tempos, que tem que trazer a alegria de todos os tempos, fico muito revoltado, até momentos que eu, na verdade, prefiro ficar no meu cantinho. E quando falamos da vitória, é claro que sim, é um momento único, toda a gente comemora, porque sempre gostamos de vitória.

 

O Moçambola é mais do que futebol, é emoção, é trabalho, é identidade. É um campeonato que transforma vidas, reforça comunidades e mostra o poder do desporto como ferramenta de mudança social em Moçambique.(LANCEMZ)