Já se sabe que as tradições são para se respeitar, mas nem sempre elas são conhecidas por todos, o que, por vezes, gera desentendimentos que se podem tornar em casos sérios de incompreensão mútua.
Foi mais ou menos isso que aconteceu, na noite da última terça-feira, com Jeremie Frimpong no Metropolitano, em Madrid, em jogo da Liga dos Campeões. Na sequência do golo apontado por Piero Hincapié, que deu vantagem ao Bayer Leverkusen, o defesa do clube germânico pontapeou um ramo de flores colocado no canto direito do relvado, junto à bancada sul.
Só que o ramo não estava ali por mero acaso e, ainda mais importante, simboliza uma tradição no Atlético que remonta a 1996. A 27 de junho desse ano, Margarita Luengo, adepta fervorosa dos «colchoneros», pediu ao então presidente do clube um ramo com quatro cravos, antes de um jogo com o Athletic Bilbao.
«Disse-lhe que íamos marcar quatro golos e que ia lançar um cravo em campo por cada golo», contou a adepta, ao site da FIFA. O prenúncio cumpriu-se, com o Atlético de Madrid a vencer o encontro por 4-1.
O segundo dos quatro golos do «Atleti» foi marcado por Milinko Pantic, o ídolo de Margarita. Vai daí, a adepta começou a colocar um ramo de flores, em cada jogo disputado em casa pelos «colchoneros», num dos cantos do relvado. «Adorava a forma como batia os livres e os cantos», justificou.
E assim nasceu uma tradição que nem a mudança do Vicente Calderón para o Metropolitano ou a pandemia de covid-19 fizeram desaparecer, e que os adeptos amavelmente cunharam como «as flores de Margarita».
A convenção foi «ameaçada» pela atitude de Jeremie Frimpong, que ouviu das boas dos adeptos do Atlético e foi até interpelado no relvado por José Giménez, defesa central do Atlético.
Depois de perceber o problema que, ainda que inadvertidamente, criou, o jogador do Bayer Leverkusen apressou-se a desculpar-se. «Depois do jogo, fiquei a conhecer a tradição do ramo de flores no Metropolitano. Não a conhecia e, no momento do golo, empolguei-me. Cometi um erro», disse o defesa, através das redes sociais.
O pedido de absolvição foi mesmo feito em castelhano: «Peço desculpa aos adeptos do Atlético e, especialmente, a Margarita».
O Atlético de Madrid acabaria por dar a volta ao resultado (2-1), na segunda parte, com dois golos de Julián Alvarez. Justiça poética? Não se deve perturbar as crenças de cada um…
Fonte: Mais Futebol