‘Para lá da linha’ é uma opinião semanal
É difícil perceber o momento em que uma criança decide que ser jogador/jogadora de futebol é uma profissão. Há várias motivações, como o gosto pelo jogo, desejo pela fama e ser rico, e também condicionantes, como a idade ou o local onde se nasça, por exemplo no Brasil ou na Noruega. Num, não é incomum ouvirmos aos protagonistas dizerem que foram jogar para ajudar a família, noutro temos ‘Haalands’ bem na vida.
Situação difícil também para os pais: quando decidir apostar no que começou como um passatempo e comprometer horas de jantar em família e fins de semana por causa de jogos? Apostar tudo e deixar o filho ir viver para longe, depois de ter superado amigos nos clubes locais? Como lidar com a frustração se a criança não for aceite? Quando se deixa de jogar à bola e passa a jogar futebol? Sabemos dos milhões que Ronaldo ou Messi recebem ao minuto, mas a grande maioria não ganha para uma garagem cheia de carros exclusivos. Há muito clube em dificuldade e haveria muito por onde escolher, mas vejamos o Boavista: problemas financeiros que não acabam, apenas 12 pontos, cauda da Liga, última vitória a 2 de novembro.
Saúda-se a atitude de Carlos Carvalhal, que disse depois de vitória 3-0 sobre os axadrezados que escolhe sempre Cristiano Bacci na votação para treinador do mês na Liga. A sua maneira de dar apoio a treinador e jogadores que seguramente dão tudo perante as escolhas que fizeram em jovens. «Uma palavra também para o Cristiano, meu colega. Todos os meses a minha equipa técnica vota na doBoavista para o treinador do mês porque, dentro das dificuldades, é a equipa com mais atitude competitiva do nosso campeonato», justificou, ele que, já disse mais do que uma vez, gostaria de transportar para Portugal a camaradagem entre treinadores que viveu em Inglaterra.
Bacci, como sempre tem feito, foi espirituoso e encaixou bem: «Acredito que disse isso para tirar votos aos grandes (risos). Falei com ele, elogios são importantes na situação difícil em que estamos, especialmente de um treinador com o estatuto dele.»
Fonte: A Bola