Uma criança recém-nascida luta pela vida, depois de a sua mãe morrer na sequência de um parto à cesariana, no hospital Rural de Chókwè, na província de Gaza. A família da malograda acusa o hospital de negligência. A direcção do hospital, por sua vez, promete investigar a equipa que esteve em serviço.
O que era para ser um momento de alegria transformou-se em pesadelo, no distrito de Chókwè, na província de Gaza.
Joaquina Chongo, de 17 anos de idade, deu entrada na maternidade do Hospital Rural de Chókwè, há uma semana, para dar à luz a sua primeira filha, entretanto, não mais saiu da unidade hospitalar.
“A ferida exalava um mau cheiro e ela não conseguia urinar. Por isso, decidi regressar ao hospital onde ela foi operada. Alugamos uma viatura e regressamos ao hospital. Já no hospital, ela não mais falava e saía sangue pela boca, por isso começaram com alguns procedimentos médicos, mas ela perdeu os sinais vitais, e logo pela manhã faleceu. A morte dela entristeceu-me bastante”, contou Rosália Sitoe, mãe da finada.
Das dores ao último suspiro, a mãe da finada diz que houve negligência na morte precoce de sua filha.
“Alguém perguntou-me se eu teria dado algum dinheiro e respondi que não sabia que se tirava dinheiro. E a tal pessoa disse que tinha tirado mil Meticais para garantir que a sua filha tivesse bom tratamento. Eu disse a ela que não tinha dinheiro”, contou Rosália Sitoe, acrescentando que “por volta das 20 horas, quando viram que a Quina não conseguia dar à luz, introduziram os dedos nas partes íntimas, enquanto outros a pressionavam.O que testemunhei foram procedimentos inadequados e eu alertei que poderiam magoá-la”.
E acusa a equipa que esteve em serviço de ter protagonizado agressões verbais e físicas. “Mas, em nada adiantou. Espancaram-na até se cansarem. E quando amanheceu decidiram que a Quina seria operada. Durante a operação conseguiram tirar a criança e de seguida ela foi levada à maternidade. Mas antes das 14h00, Quina começou a respirar mal e a vomitar sangue”.
Em reação, a direção do hospital nega as acusações de agressões e avança com sua versão dos factos.
“E não recebemos nenhuma queixa, e não ouvimos nenhuma queixa relacionada ao sangramento. Fez-se uma avaliação ao recém-nascido e não se viu o corte que se vê nas redes sociais. No dia 25, por volta das seis horas, a paciente deu entrada, teve o seu reinternamento na unidade sanitária num estado grave, com ferida infectada. Estava com uma septicemia e decidiu-se estabilizar a paciente e, a posterior, transferir-se para o Hospital Provincial de Xai-Xai, isso no dia 26”, disse o porta-voz do Hospital Rural de Chókwè, Obadiel Mavie.
A verdade é que a família de Rosália Sitoe vive entre o luto e o medo de mais perda, uma vez que a criança recém nascida continua a lutar pela vida. “A criança tem uma anomalia na cabeça. Apresentei a situação à enfermeira e ela orientou-me a lavar a região com sabão. A criança ficou ferida no hospital, só não sei se foi durante o parto ou após o parto”, conta a mãe da finada.
Sobre as lesões na cabeça da bebé, Obadiel Mavie diz que decorre investigações para apurar os factos.
O “O País” tentou ouvir a Direcção Provincial de saúde que prometeu reagir ao assunto oportunamente.
Fonte: O País