FMI PEDE MODERAÇÃO E COOPERAÇÃO COMERCIAL
A dirigente do FMI referiu-se directamente à decisão do presidente norte-americano Donald Trump de impor tarifas de 100% sobre importações chinesas, em resposta às novas restrições de exportação de terras raras implementadas por Pequim.
Segundo Georgieva, a escalada entre as duas maiores economias do mundo “pode ter efeitos de contágio”, com repercussões negativas para as cadeias de abastecimento, a estabilidade cambial e o comércio internacional.
“Se houver um reacendimento das tensões comerciais, isso terá um impacto negativo”, alertou Georgieva. “É por isso que pedimos: não façam isso. Não é uma acção saudável.”
A responsável sublinhou que, entre os 191 países-membros do FMI, 188 optaram por não retaliar, mantendo os fluxos comerciais abertos entre si — um sinal de “resiliência e racionalidade no actual contexto económico”.
GUERRA TARIFÁRIA ENTRE EUA E CHINA REACENDE INQUIETAÇÃO GLOBAL
A relativa estabilidade dos últimos meses foi interrompida com a nova ronda de sanções comerciais entre os EUA e a China, que ameaça provocar novas disrupções nas cadeias de fornecimento, especialmente em sectores críticos como tecnologia e metais raros.
O FMI projeta que a economia global cresça 3,2% em 2025, abaixo dos 3,3% registados em 2024, mas ligeiramente acima da previsão de 3,0% feita em Julho. Em Abril, o Fundo estimava apenas 2,8%, após o primeiro pacote de tarifas norte-americanas.
“A maior economia do mundo escolheu utilizar tarifas como instrumento de política externa. O interessante é que o resto do mundo, até agora, não seguiu esse caminho”, observou Georgieva.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: PROMESSA DE CRESCIMENTO, RISCO DE DESIGUALDADE
Nas suas declarações, Georgieva abordou também o impacto da Inteligência Artificial (IA), classificando-a como “força de transformação económica”, mas advertindo para o risco de aprofundamento das desigualdades entre países e dentro das próprias economias.
Segundo o FMI, o investimento em IA — concentrado sobretudo nos Estados Unidos — poderá adicionar entre 0,1% e 0,8% ao crescimento global nos próximos anos, caso as inovações sejam disseminadas de forma inclusiva.
“Se conseguirmos extrair esse impulso, será muito significativo para o mundo. O risco é que o aumento da produtividade se converta também numa fonte de divergência entre países ricos e pobres”, afirmou.
ENDIVIDAMENTO E INCERTEZA SOCIAL CONTINUAM A CRESCER
A líder do FMI alertou igualmente para o nível historicamente elevado da dívida pública mundial, que continua a aumentar, e para a instabilidade social resultante de desigualdades persistentes e de uma economia global cada vez menos previsível.
“As forças de mudança estão a tornar a economia mundial menos previsível. As pessoas estão ansiosas, saem à rua para exigir melhores oportunidades”, disse Georgieva, apontando a necessidade de políticas públicas que combinem rigor fiscal com protecção social.
REFORÇO DO MULTILATERALISMO E DA DISCIPLINA ECONÓMICA
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>O discurso de Kristalina Georgieva reafirma o compromisso do FMI com o multilateralismo económico, num momento em que as tensões geopolíticas ameaçam o comércio global e o investimento transfronteiriço.
Ao apelar à moderação e cooperação, o Fundo procura evitar que o comércio volte a ser utilizado como arma política, e reforça a ideia de que a estabilidade global depende de regras previsíveis e de diálogo permanente entre as maiores economias.
Fonte: O Económico