As provas de recrutamento e seleção irão decorrer em todo o país, nos Comandos Provinciais da PRM, entre 18 de agosto e 30 de setembro de 2025. Os candidatos selecionados irão frequentar o 44.º Curso Básico de Formação de Guardas da Polícia, com duração de nove meses, a realizar-se na Escola Prática da Polícia de Matalana, na província de Maputo. O início da formação está previsto para janeiro de 2026.
A suspensão do recrutamento foi decidida em 2023 pelo então comandante-geral Bernardino Rafael, que justificou a medida como forma de concentrar recursos na construção e reabilitação de infraestruturas, aquisição de viaturas e modernização dos serviços. Na ocasião, também prometeu rever o currículo policial antes da retoma.
O porta-voz do Comando-Geral da PRM, Leonel Muchina, assegurou que as vagas não estão à venda e que qualquer pessoa envolvida em atos de corrupção ou burla será responsabilizada. “O Comando-Geral da PRM distancia-se de todos os atos contrários à lei”, reforçou.
O presidente da Associação Moçambicana de Polícias, Nazário Muanambane, alerta, no entanto, para a existência de esquemas de corrupção dentro da corporação. Segundo afirmou, há agentes incumbidos de liderar processos de recrutamento que se têm envolvido em pagamentos ilícitos para garantir vagas, permitindo a entrada de indivíduos de má-fé e com comportamentos desviantes, o que compromete a credibilidade da instituição.
Muanambane defende o reforço da formação contínua como solução para melhorar a atuação dos agentes. Para ele, é preciso valorizar a Academia de Ciências Policiais e garantir um percurso formativo que vá da formação básica à especialização, incluindo currículos e disciplinas capazes de responder a fenómenos criminais complexos. O dirigente também considera essencial preparar oficiais de esquadra para funções específicas, de modo a melhorar a eficácia nas investigações.
Já o capitão-tenente na reserva, Abdul Machava, entende que o modelo atual, focado no aumento do efetivo, não tem sido eficaz no combate à criminalidade. Para ele, o número elevado de agentes não se traduziu na redução de crimes hediondos ou sofisticados, como raptos. Machava defende o investimento em tecnologias que permitam obter resultados relevantes com um efetivo suficiente, evitando depender de grandes contingentes.
O oficial alerta ainda para o risco de o país caminhar para o que classifica como “uma ditadura democrática”, na qual a polícia se torne instrumento de cerceamento das liberdades individuais.
Fonte: O País