Manifestações custaram 32,2 mil milhões de meticais à economia moçambicana e levaram à perda de mais de 17 mil empregos

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As manifestações pós-eleitorais que marcaram o último trimestre de 2024 tiveram um impacto económico significativo, traduzindo-se em prejuízos estimados em 32,2 mil milhões de meticais (cerca de 504 milhões de dólares) e na perda de mais de 17 mil postos de emprego a nível nacional. Os dados foram apresentados pelo Presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, durante a sessão inaugural do Economic Briefing de 2025.

Os protestos, convocados pelo antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane, resultaram não apenas em danos económicos, mas também num balanço humano trágico, com mais de 300 mortos e milhares de feridos. Segundo a CTA, 955 empresas foram directamente afectadas, das quais 51% sofreram vandalizações e/ou saques das suas mercadorias.

Durante o seu discurso, Agostinho Vuma alertou para a gravidade da situação, sublinhando que o clima de instabilidade está a comprometer a actividade empresarial e a confiança dos investidores, colocando a economia nacional num “marasmo económico”. Para evitar um agravamento do quadro, o líder empresarial defendeu um pacto de compromisso entre o Governo e o sector privado, visando encontrar soluções conjuntas para estabilizar o ambiente de negócios e garantir a retoma do crescimento.

Impacto no desempenho empresarial

O impacto das manifestações reflectiu-se de forma expressiva nos principais indicadores macroeconómicos. O Índice de Ambiente Macroeconómico registou uma queda de 53% para 50% no último trimestre de 2024, em comparação com o trimestre anterior. Já o Índice de Robustez Empresarial sofreu uma redução de cinco pontos percentuais, caindo de 30% para 25% no mesmo período.

As consequências não se limitaram ao sector privado. O Presidente da CTA explicou que as perdas totais e o impacto no PIB atingiram cerca de 2,2%, levando a uma revisão em baixa das previsões de crescimento para 3,3% em 2024, muito aquém da expectativa inicial de 5,5%.

As manifestações ocorridas durante a quadra festiva, nomeadamente nos dias 23, 24 e 25 de Dezembro, tiveram um peso significativo no agravamento dos prejuízos. Nessa fase, as perdas foram estimadas em 7,4 mil milhões de meticais, sendo 56% atribuídas a vandalizações e 44% a paralisações e redução da procura.

Diante deste cenário, Agostinho Vuma sublinhou que “o clima político continua a perigar o ambiente de negócios”, afectando a confiança dos empresários e desincentivando o investimento produtivo.

Propostas para a recuperação económica

Para mitigar os efeitos negativos da crise, a CTA avançou com um conjunto de propostas ao Governo e ao Banco de Moçambique, incluindo a criação de um Fundo para a Recuperação Empresarial, destinado a apoiar financeiramente as empresas mais afectadas.

Entre as medidas sugeridas, destacam-se:

Segundo a CTA, a adopção dessas políticas poderia reduzir a dependência das importações, que representam cerca de 2,1 mil milhões de dólares na balança de pagamentos, aliviando a pressão cambial e contribuindo para controlar a inflação.

Além das medidas económicas, Agostinho Vuma defendeu que o Governo deve garantir um ambiente de segurança para os empresários, propondo a celebração de um pacto público entre o Estado e o sector privado, com garantias concretas de protecção dos investimentos e dos agentes económicos.

Crise cambial e acesso a divisas

Outro problema crítico identificado pela CTA é a escassez de divisas, que tem dificultado as operações das empresas que dependem de importações.

No primeiro trimestre de 2024, as necessidades de divisas não satisfeitas pelos bancos comerciais estavam estimadas em 230 milhões de dólares, valor que subiu para 402 milhões de dólares no terceiro trimestre. No início de 2025, o défice de divisas manteve-se elevado, com solicitações não atendidas a totalizar 373 milhões de dólares.

A CTA defendeu que o Banco de Moçambique deve ser mais flexível e criativo na resposta a este problema, sob risco de agravar ainda mais a crise económica e fomentar novas convulsões sociais.

A necessidade de um compromisso nacional

O Presidente da CTA alertou que a reconstrução e reabilitação do tecido empresarial destruído pelas manifestações e a recuperação dos postos de trabalho perdidos não podem continuar adiadas.

Na sua intervenção, sublinhou que a agenda nacional de desenvolvimento deve seguir o seu rumo de forma determinada, sendo fundamental um diálogo franco e inclusivo com todos os actores políticos, económicos e sociais para restaurar a estabilidade e impulsionar o crescimento do país.

Para o sector empresarial, a solução passa pela garantia de segurança dos investimentos, a redução da carga fiscal e a implementação de medidas concretas de alívio às empresas, permitindo que estas voltem a gerar empregos e a contribuir para a retoma da economia nacional.

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>“A classe empresarial está pronta para arregaçar as mangas e trabalhar pelo desenvolvimento de Moçambique”, concluiu Agostinho Vuma, apelando à construção de um “Milagre Moçambicano” de recuperação económica e progresso sustentável.

Fonte: O Económico

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