Início Desporto «Manuel Cajuda era agressivo nos treinos, só me queria enfiar num buraco»

«Manuel Cajuda era agressivo nos treinos, só me queria enfiar num buraco»

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Armando Miguel Correia de Sá, ou apenas o “Comboio da Luz”, emigrou há mais de 20 anos, aquando da transferência do Benfica para o Villarreal. Antes de chegar ao Estádio da Luz, o antigo lateral acumulou lições à boleia de figuras como Carlos Brito, Manuel Cajuda, Rui Vitória e Artur Jorge.

Desde Vancouver, no Canadá, onde prepara a quarta época como adjunto do Pacific FC – campeão em 2019 – o antigo defesa de Benfica, Sp. Braga, Rio Ave e Belenenses recorda, ao Maisfutebol, peripécias e pilares, além de projetar o futuro.

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Maisfutebol: Guarda boas histórias do princípio de carreira, por Belenenses, Bragança e Vila Real. Mas, fixemos atenções nos anos pelo Vilafranquense [1994-1996], onde encontrou, entre outros, Rui Vitória. Foi o seu primeiro capitão?

Armando Sá: Exatamente, no meu primeiro ano de sénior. Saí da formação do Belenenses, cumpri serviço militar e fui emprestado ao Vilafranquense. Encontrei jogadores de muita qualidade, entre os quais o Rui Vitória. Já existia aquele espírito de treinador, pela atitude e pela forma como se apresentava, era um líder nato. Os conselhos dele foram fundamentais.

MF: Entre peripécias por Bragança e Vila Real, recebe uma oportunidade no Rio Ave, então comandado por Carlos Brito.

AS: Tive o privilégio de conviver com jogadores que me ajudaram a chegar à Liga. Gostaria de destacar o João Rosário, que jogou no Boavista, e o José Xavier, formado no Benfica e campeão por Portugal no Mundial sub-20 de ‘89. No verão de ’98 recebi a oportunidade no Rio Ave, pela mão do Carlos Brito. Foi um bom conselheiro, fez de mim homem e um profissional. Cheguei ao Rio Ave com 21 anos, foi em Vila do Conde que amadureci e que concluí que poderia alcançar outros patamares. Por isso, o Carlos Brito foi um pilar na minha carreira como jogador.

MF: No verão de 2001 segue para Braga, onde estava Manuel Cajuda. E este foi o treinador que rematou a construção do Armando enquanto profissional.

AS: O Carlos Brito fez de mim um homem, o Cajuda transmitiu o valor da competição, sobre como saborear cada triunfo. O Sp. Braga tinha uma equipa fantástica.

MF: E há histórias com Manuel Cajuda?

AS: Cheguei ao Sp. Braga sem saber que era contratação do presidente, fui o único que não havia sido escolhido pelo treinador. E o Cajuda trabalhava muito a vertente psicológica. Então, chegava ao balneário e lançava insinuações – eu, como não sabia, não percebia. Quando me apercebi, fiquei magoado, até porque ele partia para cima de mim, era agressivo nos treinos. Dava vontade de ir embora. Os adeptos assistiam aos treinos e eu ficava muito envergonhado, queria enfiar-me num buraco. Mas, na verdade, nos jogos, era eu e mais dez. O mister Cajuda confiava no meu potencial, só me queria na melhor versão. Daí referir que com ele aprendi a competir.

MF: No Sp. Braga partilhou balneário com Artur Jorge. Esperava esta fase de sucesso?

AS: Honestamente? Não. Foi meu capitão, transmitiu valores e sempre teve esta personalidade autoritária. Mas, destacava-se pela postura, mais do que pela liderança com o grupo. Não esperava que se tornasse no treinador que conhecemos. Ainda assim, foi bom na equipa B do Sp. Braga, cresceu na equipa principal e está a realizar um trabalho espetacular no estrangeiro.

MF: Em Braga também se cruzou com Marco Silva.

AS: Ele jogava na equipa B, mas tivemos a oportunidade de nos conhecermos. Assisti ao crescimento dele no Estoril e agora é mais um treinador de elite, um dos mais conceituados em Inglaterra. E lançou vários treinadores, como o João Pedro Sousa, que foi meu colega no Vila Real. Há uma conexão peculiar. E algo de semelhante posso referir sobre o Nuno Campos – antigo adjunto do Paulo Fonseca e do Renato Paiva – que pertence à minha geração no Belenenses. Cruzei-me com várias pessoas que já detinham este sentido de treinador.

Prossiga para a terceira parte desta conversa entre o Maisfutebol e Armando Sá.

Fonte: Mais Futebol

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