Resumo
Os mercados energéticos internacionais encerraram a semana com elevada volatilidade, com os preços do petróleo a registarem uma recuperação no fecho semanal devido a preocupações com a oferta venezuelana. No entanto, as expectativas de excedente global, incerteza macroeconómica e tensões geopolíticas mantiveram uma trajetória negativa ao longo da semana. O Brent subiu cerca de 0,7%, fixando-se em torno de 61,7 dólares por barril, e o West Texas Intermediate avançou aproximadamente 0,75%, para níveis próximos de 58 dólares por barril na sexta-feira. Apesar da recuperação técnica no fecho, ambos os referenciais registaram quedas superiores a 3% na semana, refletindo um sentimento de prudência entre os investidores. A intensificação da intercepção de navios que transportam crude venezuelano pelos EUA elevou receios de disrupções no fornecimento, mas o mercado continua a enfrentar pressões estruturais de excedente global e incerteza monetária.
Os mercados energéticos internacionais encerraram a semana sob um registo de elevada volatilidade, com os preços do petróleo a ensaiarem uma recuperação no fecho semanal, sustentados por preocupações com a oferta venezuelana, mas sem conseguir inverter uma trajectória negativa marcada por expectativas de excedente global, incerteza macroeconómica e factores geopolíticos ainda em evolução.
Recuperação Técnica No Fecho Não Evita Queda Semanal
Na sessão de sexta-feira, os futuros do Brent subiram cerca de 0,7%, fixando-se em torno de 61,7 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) avançou aproximadamente 0,75%, para níveis próximos de 58 dólares por barril. O movimento surgiu após perdas registadas nas sessões anteriores e reflectiu essencialmente uma recuperação técnica.
No entanto, no balanço semanal, ambos os referenciais registaram quedas superiores a 3%, espelhando um sentimento de prudência persistente entre os investidores e a ausência de catalisadores capazes de sustentar uma recuperação mais consistente dos preços.
Venezuela Reacende Risco De Oferta, Mas Não Altera Tendência
O principal factor de suporte aos preços no final da semana foi a informação de que os Estados Unidos se preparam para intensificar a intercepção de navios que transportam crude venezuelano, após a apreensão de um petroleiro. A medida elevou os receios de disrupções adicionais no fornecimento, levando alguns investidores a regressar ao mercado para cobrir posições curtas.
Ainda assim, o impacto foi limitado, uma vez que o mercado continua a olhar para estas tensões como factores pontuais, insuficientes para contrariar as pressões estruturais que dominam o cenário energético global.
Excedente Global E Incerteza Monetária Pesam Sobre O Mercado
As projecções de excedente global de oferta, estimado em cerca de 3,8 milhões de barris por dia, continuam a ser um dos principais elementos de pressão sobre os preços do petróleo. Apesar de alguma divergência entre as leituras da Agência Internacional de Energia e da OPEP, o consenso de curto prazo aponta para um mercado confortavelmente abastecido.
Em paralelo, a incerteza em torno da política monetária norte-americana e da trajectória do crescimento económico global mantém os investidores cautelosos. O recente corte de juros pela Reserva Federal não foi suficiente para dissipar dúvidas sobre a evolução da procura energética, sobretudo num contexto de sentimento de “risk-off” nos mercados financeiros.
Rússia-Ucrânia: O Grande Factor Estrutural
As negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia continuam a ser acompanhadas de perto pelos mercados energéticos. Um eventual acordo duradouro é percepcionado como um factor potencialmente baixista, ao reduzir o prémio de risco geopolítico incorporado nos preços do petróleo.
Por outro lado, episódios recentes de tensão, incluindo ataques a infra-estruturas energéticas na região do Cáspio, recordam que o risco geopolítico permanece latente, contribuindo para a volatilidade e dificultando uma leitura direccional clara do mercado.
Perspectivas: Volatilidade Elevada E Fragilidade Direccional
Para a semana que se segue, o mercado energético deverá continuar marcado por volatilidade elevada, com os preços a reagirem rapidamente a desenvolvimentos geopolíticos, dados sobre inventários e sinais relativos à procura global.
No curto prazo, a leitura dominante é a de um mercado estruturalmente pressionado por excedentes e incerteza macroeconómica, onde recuperações pontuais poderão ocorrer, mas sem força suficiente para sustentar uma inversão clara da tendência.
Com o petróleo a fechar a semana entre recuperações técnicas e perdas acumuladas, os mercados energéticos entram na segunda metade de Dezembro num equilíbrio instável, em que factores geopolíticos de curto prazo colidem com pressões estruturais de oferta e dúvidas persistentes sobre o crescimento económico global.
Fonte: O Económico






