Por: Virgílio Timana
O apito soa, e o coração de Moçambique pulsa em uníssono. Lá vão os Mambas, com chuteiras gastas e sonhos intactos. Nunca estivemos num Mundial. Nunca erguemos um troféu continental. Nenhum dos nossos brilhou na Liga dos Campeões. Mas… e daí?
Porque aqui, o desporto é alma, não estatística. É mais que arquibancadas cheias ou manchetes em letras garrafais. É o domingo de sol com a rádio colada ao ouvido. É o vizinho que grita “GOOOLO!” só porque quer acreditar. É a criança descalça correndo atrás do “Xingufo”, improvisando alegria. É vestir a camisola com orgulho, mesmo sabendo que talvez a vitória não venha.
Os números podem ser frios, mas o coração do povo é brasa viva. A cada jogo, não importa o adversário, renasce uma esperança teimosa. A imagem pode falhar, o som pode cortar, mas a fé… essa nunca vacila.
Torcer pelos Mambas é um gesto de amor, desses que não pedem nada em troca. É acreditar que um dia, sim, um dia, a vaga no Mundial virá. Que o hino vai soar entre os gigantes. Que aquele golo improvável vai nos eternizar.
E até lá, seguimos. Com a bandeira erguida, o grito preso na garganta e o coração cheio. Porque no desporto moçambicano, o maior troféu é o povo, que mesmo sem medalhas, nunca deixa de acreditar