A Ministra das Finanças, Carla Loveira, manifestou nesta semana, durante uma audiência com o Embaixador dos Estados Unidos da América, Peter Vrooman, a sua profunda preocupação com a suspensão do financiamento norte-americano aos programas do sector da saúde em Moçambique. A titular das Finanças alertou para os riscos que esta decisão representa para a continuidade da resposta ao HIV/SIDA e Tuberculose, bem como para a estabilidade do Sistema Nacional de Saúde, historicamente dependente do apoio externo.
Durante o encontro, realizado em Maputo, a Ministra sublinhou que os EUA têm sido parceiros centrais para o sector da saúde moçambicano, através de mecanismos como o PEPFAR, USAID e o CDC. Referiu que a suspensão do apoio financeiro compromete directamente os programas prioritários de saúde e representa um obstáculo significativo para a garantia do acesso universal a serviços essenciais.
“Estamos preocupados com o impacto real que esta interrupção poderá ter no terreno, sobretudo nas comunidades mais vulneráveis”, disse Carla Loveira, frisando que esta situação requer uma resposta coordenada entre os dois Governos.
Paralelamente, a Ministra das Finanças apresentou ao diplomata norte-americano um retrato actualizado do desempenho macroeconómico do país, destacando a recuperação em curso desde 2023. Sublinhou os avanços registados em 2024, com a redução da inflação, estabilização da taxa de câmbio, aumento da receita fiscal e melhoria do ambiente de investimento.
Apesar desses progressos, admitiu que o financiamento externo continua a ser vital para sectores sociais como a saúde, motivo pelo qual a decisão de suspensão do apoio por parte dos EUA pode comprometer os resultados atingidos.
O Embaixador Peter Vrooman confirmou que a USAID poderá encerrar fisicamente as suas instalações em Moçambique nos próximos meses. Ainda assim, reafirmou o compromisso dos EUA com a cooperação bilateral, manifestando abertura para reconfiguração do modelo de intervenção e continuidade dos programas em curso noutros sectores.
O diplomata recordou que a presença norte-americana continua activa em diversas frentes, nomeadamente nas áreas de segurança alimentar, educação, desenvolvimento local e promoção do sector privado, por via da Millennium Challenge Corporation (MCC) e outras agências de cooperação.
A audiência permitiu ainda discutir novas abordagens para garantir a sustentabilidade dos serviços de saúde em Moçambique, incluindo a mobilização de recursos internos, parcerias público-privadas e eficiência institucional.
Ambas as partes concordaram na importância de manter o diálogo diplomático regular e reforçar os mecanismos de confiança mútua. A Ministra sublinhou que Moçambique continua comprometido com uma diplomacia económica activa e com a valorização de relações estratégicas duradouras.
O encerramento da audiência decorreu num ambiente cordial e de reafirmação do compromisso bilateral em prol da estabilidade, desenvolvimento e bem-estar das populações moçambicanas.
Fonte: O Económico
