Moçambique na Mesa Global

0
13

Por Alfredo Júnior

 

Num momento em que Moçambique assinala os seus 50 anos de independência, o país encontrou-se representado num dos palcos mais importantes da diplomacia internacional a Conferência das Nações Unidas sobre Financiamento ao Desenvolvimento. Esta presença, mais do que simbólica, levanta questões profundas sobre o lugar de Moçambique no mundo, sobre a sua soberania e sobre os caminhos que ainda restam por percorrer rumo a uma verdadeira independência económica, evento reuniu líderes de diferentes países com o objetivo de discutir reformas urgentes no sistema financeiro internacional. A proposta era repensar o acesso dos países em desenvolvimento a recursos financeiros mais justos, promovendo maior equidade global e o cumprimento dos compromissos assumidos com os mais vulneráveis.

Para Moçambique, esta conferência chegou num momento particularmente sensível, com desafios económicos marcados por elevados níveis de dívida, vulnerabilidade climática, desigualdades persistentes e uma economia ainda dependente de apoios externos, por isso, a intervenção do Presidente da República moçambicano foi clara e assertiva, reivindicou-se uma abordagem mais equilibrada que leve em consideração a realidade africana, defendendo mecanismos de financiamento mais humanos, reestruturação da dívida, justiça climática, transparência nos fluxos financeiros e maior acesso aos fundos internacionais.

Se em 1975 a luta era pela libertação territorial e política, hoje a batalha assume contornos económicos. Moçambique é um país politicamente livre, mas ainda condicionado por estruturas globais que limitam a sua autonomia de crescimento. O peso de empréstimos onerosos, a dificuldade no acesso a recursos internacionais e a constante dependência de decisões externas são sinais de que a independência económica continua por alcançar.

A presença moçambicana neste fórum global não se resume a um gesto diplomático. Representa uma oportunidade para marcar posição, estabelecer contactos estratégicos e negociar melhores condições para o desenvolvimento. Foram criados espaços de diálogo bilateral e multilateral que podem resultar em parcerias concretas, projectos estruturantes e novos apoios técnicos.

Durante a conferência, Moçambique reafirmou o seu compromisso com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. Para que esses compromissos sejam realidade, é indispensável garantir financiamento adequado para sectores como educação, saúde, infraestrutura, transição energética e inclusão social, na questão climática, o país reforçou a sua posição com legitimidade. Moçambique é um dos territórios mais afectados por fenómenos extremos e, por isso, reivindica o direito a um acesso mais ágil e eficaz aos fundos de resiliência e adaptação climática.

Assinalar os 50 anos de independência com uma presença activa nas Nações Unidas, discutindo modelos de financiamento ao desenvolvimento, é mais do que uma coincidência. É uma afirmação de que o país reconhece o seu papel nas dinâmicas globais e quer fazer parte da construção de soluções sustentáveis e justas. Esta presença carrega simbolismo, mas também responsabilidade.

A independência económica exige não apenas discursos firmes fora de portas, mas também coerência e compromisso dentro do país, cinquenta anos depois da proclamação da independência, Moçambique continua a lutar por um lugar mais justo no mundo. A participação na conferência foi um passo firme nessa caminhada.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!