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Moçambique deixou de constar da lista de países africanos cuja dívida é considerada de risco elevado, com o spread dos seus títulos soberanos a cair abaixo da marca crítica dos 1000 pontos-base, segundo dados da JPMorgan Chase & Co. divulgados pela plataforma Moneyweb.
A melhoria da posição moçambicana reflecte a confiança dos mercados no rumo das reformas internas e no cumprimento das obrigações financeiras internacionais. Pela primeira vez em dez anos, nenhum país africano ultrapassa os 1000 pontos-base de spread — a diferença entre os juros dos seus títulos e os dos EUA —, sinal inequívoco de redução da percepção de risco.
Analistas internacionais referem que esta evolução deve-se ao reforço das políticas fiscais, ao cumprimento dos compromissos com credores multilaterais e à estabilidade macroeconómica. Joseph Cuthbertson, da PineBridge Investments, sublinha que Moçambique tem beneficiado de um contexto regional mais favorável, embora alerte que “nem todos os problemas foram resolvidos”.
O novo enquadramento inclui reformas promovidas sob assistência do FMI, tal como noutros países africanos. Ainda assim, o panorama é misto: enquanto Zâmbia e Gana renegociam as suas dívidas e o Quénia consegue recuperar o acesso aos mercados, a Etiópia permanece em incumprimento.
Segundo a Bloomberg, apenas seis dos 303 títulos de dívida africana estão a ser negociados em níveis considerados de risco — uma descida notável face aos 22 registados em 2024. A dívida do Senegal, contudo, continua a preocupar os analistas, ao atingir 119% do PIB, com emissões a juros superiores a 20%.
Para investidores internacionais, o alívio do risco em Moçambique e noutras economias africanas oferece novas oportunidades, especialmente num cenário de incerteza quanto às políticas comerciais dos EUA e à pressão sobre os mercados emergentes.
Fonte: O Económico