O Primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modi, iniciou hoje, 12 de fevereiro de 2025, uma visita oficial de dois dias aos Estados Unidos, onde enfrentará forte pressão da administração de Donald Trump para reduzir as elevadas tarifas de importação indianas. A Casa Branca tem insistido que as barreiras tarifárias da Índia representam um entrave significativo ao comércio bilateral, especialmente em setores como eletrónica, equipamentos médicos e produtos químicos. Modi, por sua vez, procura garantir concessões que evitem um possível agravamento das tensões comerciais entre os dois países.
Aposta em Concessões Tarifárias para Evitar Conflito Comercial
O Governo indiano tem sinalizado a possibilidade de implementar cortes tarifários em pelo menos uma dúzia de setores estratégicos. O objectivo é aumentar as exportações norte-americanas para a Índia e, ao mesmo tempo, preservar os laços comerciais num contexto de crescente pressão dos EUA. A decisão de Modi é vista como uma tentativa de evitar uma guerra comercial que poderia impactar negativamente a economia indiana.
Defesa como Contrapartida
Paralelamente às discussões sobre tarifas, a cooperação em defesa surge como uma peça-chave nas negociações. A Índia está em conversações para a compra e coprodução de veículos de combate Stryker e para fechar um acordo de produção de motores de jatos de combate da General Electric no país. Estes compromissos estão alinhados com as exigências de Trump para que a Índia aumente as aquisições de equipamentos de segurança norte-americanos.
Tensões Migratórias e Deportações
A visita de Modi ocorre também num momento em que as relações entre os dois países enfrentam desafios ligados à política migratória. Recentemente, os EUA deportaram 104 cidadãos indianos, gerando críticas sobre o tratamento dado aos deportados. O Governo indiano procura abordar estas preocupações e mitigar impactos políticos internos causados pela questão.
Perspectivas e Impacto Geopolítico
Analistas veem esta visita como um teste ao equilíbrio das relações entre as duas maiores democracias do mundo. A Índia tem procurado beneficiar das tensões comerciais entre os EUA e a China, posicionando-se como um parceiro alternativo para empresas norte-americanas que desejam diversificar as suas cadeias de abastecimento. No entanto, persistem desafios, como as exigências dos EUA para uma maior abertura do mercado indiano e a necessidade de manter a estabilidade política interna.
Se Modi conseguirá satisfazer as expectativas norte-americanas sem comprometer a sua base política e económica interna, ainda é uma questão em aberto. O desfecho desta visita poderá definir o rumo das relações bilaterais nos próximos anos, com implicações significativas para o comércio global e a geopolítica.
Fonte: O Económico