Por: Naice Novela
A Valorização da Música Moçambicana
A música constitui uma das expressões mais ricas e significativas da cultura moçambicana. Desde as timbilas da região de Gaza até à marrabenta de Maputo, passando pelo pandza, hip-hop, afro-jazz e gospel, o país vibra com sons que representam a sua alma história e diversidade.
No entanto, observa-se, em diversos contextos, uma tendência crescente por parte de alguns músicos em adoptar estilos estrangeiros, tanto no ritmo quanto na estética. É cada vez mais frequente o lançamento de músicas com letras em línguas estrangeiras, abordando temáticas distantes da realidade nacional e com videoclipes que seguem modelos internacionais. Tal cenário suscita uma reflexão pertinente: Será que estamos a perder a essência da musicalidade moçambicana em nome da fama ou aceitação internacional?
Importa, contudo, reconhecer que muitos artistas continuam comprometidos com a preservação da identidade cultural. Nomes como Stewart Sukuma, Elvira Viegas, António Marcos, Wazimbo, Mingas, entre outros, são exemplos de artistas que souberam aliar inovação à valorização das raízes culturais. A sua trajectória demonstra que é possível evoluir artisticamente sem, para isso, deixar de lado sua criatividade ou identidade própria.
Valorizar a música moçambicana não implica rejeitar influências externas, mas sim criar a partir da realidade local, utilizando as línguas nacionais, resgatando tradições, sentimentos e narrativas próprias. Este processo de valorização deve iniciar-se no próprio artista, através da escolha consciente de cantar na sua língua materna, de contar histórias moçambicanas, de recorrer a instrumentos e ritmos nacionais e de reconhecer o legado dos que o precederam.
