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O sector privado moçambicano registou, em Julho, a sua primeira expansão em três meses, com o índice PMI do Standard Bank a atingir 50,7 pontos – acima do limiar dos 50 que separa a contracção da expansão. A recuperação foi liderada pelo crescimento da produção, que atingiu o ritmo mais acentuado dos últimos dois anos, impulsionada por um aumento nas vendas e novas encomendas, sobretudo no sector da construção.
Segundo o inquérito conduzido pela S&P Global, o resultado do PMI corrigido de sazonalidade reflecte um ambiente empresarial mais dinâmico no início do terceiro trimestre, marcado por melhoria na procura interna e recuperação da produtividade.
“Em Julho, o PMI subiu para 50,7, sugerindo uma recuperação da actividade económica neste início do terceiro trimestre”, comentou Fáusio Mussá, economista-chefe do Standard Bank Moçambique.
A produção aumentou de forma generalizada em quase todos os sectores, com excepção do comércio a grosso e a retalho, onde a atividade se manteve estável. A construção destacou-se como motor da retoma, impulsionada por novos projectos e maior eficiência produtiva.
As novas encomendas registaram a melhor performance dos últimos 10 meses, beneficiando de maior número de clientes, encomendas superiores e expansão de capacidade com novas sucursais.
No mercado de trabalho, o emprego voltou a crescer pelo segundo mês consecutivo. No entanto, o ritmo de criação de postos de trabalho foi modesto e inferior à média da série histórica. A agricultura foi o único sector a registar redução de pessoal.
Apesar do crescimento, os níveis de aquisição e os stocks de produção voltaram a cair, possivelmente devido à fraca disponibilidade de moeda externa, o que está a condicionar as compras e o reabastecimento de matérias-primas. Essa dinâmica contribuiu para a melhoria nos prazos de entrega, que se encurtaram pelo quinto mês consecutivo.
No que respeita aos custos de produção, o índice registou um aumento ligeiro, embora dentro de limites moderados. As pressões inflacionistas continuam contidas, sendo atribuídas sobretudo aos aumentos salariais resultantes da nova contratação de pessoal.
Já os preços de venda permaneceram estáveis, encerrando dois meses consecutivos de subidas. Algumas empresas reportaram descontos estratégicos para impulsionar as vendas.
No plano das expectativas futuras, o sentimento empresarial manteve-se positivo, com 38% dos inquiridos a anteciparem crescimento da produção nos próximos 12 meses, apoiado na expansão de mercados e oferta de novos serviços. O sector manufactureiro e da construção demonstraram maior confiança.
“Mesmo com tensões pós-eleitorais, pressões fiscais e limitações cambiais, o PMI sugere que a retoma é possível, especialmente com o impulso antecipado dos projectos de GNL”, observou Mussá.
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p style=”margin-top: 0in; text-align: justify; background-image: initial; background-position: initial; background-size: initial; background-repeat: initial; background-attachment: initial;”>A par do ambiente empresarial, destaca-se a política monetária mais acomodatícia, com o corte da taxa MIMO em 75 pontos base, fixando-a em 10,25%. Desde Janeiro de 2024, a taxa caiu 700 pontos base, enquanto a taxa prime de financiamento recuou para 17,2%. Espera-se que estas reduções ajudem a baixar o custo do financiamento e incentivem o investimento.
Fonte: O Económico