O termo Xibalo, de origem bantu, era utilizado para designar o sistema de trabalho forçado aplicado durante a administração colonial portuguesa. Milhares de moçambicanos foram obrigados, sob violência e repressão, a trabalhar em plantações agrícolas, obras públicas e minas sem qualquer remuneração. Para Moda, os traços deste passado continuam presentes no tecido social e económico do país.
“O Xibalo não foi apenas físico, mas também psicológico e institucional. Há mecanismos de exploração hoje que ainda carregam a mesma lógica”, afirmou o autor durante o lançamento do livro.
A apresentação da obra esteve a cargo de Félix Machado, presidente da Associação Comercial da Beira, uma instituição que, segundo explicou, surgiu na luta contra o trabalho forçado, especialmente nas zonas sob concessões açucareiras em Manica e Sofala. Para Machado, a escolha do título Xibalo “não foi meramente simbólica”, mas sim uma afirmação de denúncia e memória histórica.
O livro foi prefaciado pelo antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, cuja mensagem destaca a importância de preservar a memória coletiva como base para uma cidadania consciente.
O sociólogo Pedrito Cambrão considerou a obra de Moda como um contributo valioso para clarificar o presente e o futuro dos moçambicanos, para que os erros do passado não se repitam.
O edil da Beira também marcou presença no evento e enalteceu a iniciativa, apelando às universidades moçambicanas para integrarem obras como esta nos seus currículos.
Mais do que um livro de memórias, Xibalo é um apelo à reflexão sobre o passado colonial e suas permanências no quotidiano moçambicano, 50 anos após a independência nacional.
Fonte: O País