Uma nova corrida ao ouro está em curso no distrito de Gondola, província de Manica, após a descoberta de um filão na região de Mucododzi. A informação espalhou-se rapidamente entre as comunidades locais e em poucos dias, centenas de pessoas, maioritariamente jovens, acorreram ao local, na esperança de mudar de vida através da mineração artesanal.
A zona, até então desconhecida do público como ponto onde ocorre ouro, transformou-se num autêntico centro de mineração artesanal, com dezenas de pequenas escavações improvisadas, tendas rudimentares e intensa actividade comercial associada à mineração informal.
O cenário, que se repete em várias partes da província, volta a levantar preocupações em torno da segurança, da exploração desordenada de recursos naturais e da fragilidade das instituições no controle deste tipo de extração de ouro.
Face à crescente concentração de pessoas no local, a Polícia da República de Moçambique (PRM) mobilizou-se até à área de garimpo, com o objectivo de dispersar os populares e prevenir riscos de desabamentos, conflitos ou outras tragédias.
No entanto, a operação não produziu os resultados esperados. Os garimpeiros resistiram e mantiveram-se firmes, desafiando as ordens das autoridades.
Uma fonte da Polícia referiu que a acção visava apenas garantir a ordem pública e travar a aglomeração, num ponto já considerado ilegal. Segundo a fonte, o local representa não só um risco ambiental, como também à integridade física dos envolvidos, devido à total ausência de condições técnicas e de segurança.
No local, a presença policial não passou sem controvérsia. Alguns dos mineradores acusam os agentes de, além de dispersarem os populares, também terem recolhido quantidades não especificadas de areia supostamente contendo ouro.
“Dispararam armas e nós fugimos, entramos no mato. Lançaram gás lacrimogéneo e não conseguimos trabalhar. Disseram que ninguém irá trabalhar porque vocês não estão organizados para poderem trabalhar”, disse António José, um dos que olha na mineração com futuro promissor.
A província de Manica continua a ser uma das mais afectadas pelo crescimento desordenado da mineração artesanal, um fenómeno complexo que envolve questões económicas, sociais e ambientais. Em muitas comunidades, a mineração informal representa a única fonte de rendimento diante da escassez de empregos formais e oportunidades de sustento sustentável.
O novo ponto de mineração em Mucododzi já começa a atrair atenção de fora do distrito, sinalizando que o número de garimpeiros poderá aumentar nos próximos dias.
Enquanto isso, o ouro continua a brilhar como promessa de riqueza fácil, mesmo que, à custa da vida, degrade o ambiente e contrarie a legalidade.
Fonte: O País