Resumo
O sarampo, considerado controlado globalmente, está a ressurgir devido à quebra na cobertura vacinal, levando a um aumento de casos em várias regiões, conforme dados da Organização Mundial da Saúde. Este reaparecimento expõe fragilidades nos sistemas de saúde pública, causadas por interrupções nos serviços, falhas na distribuição e desinformação. A falta de vacinação resulta em complicações graves e mortes evitáveis, especialmente em contextos vulneráveis. A responsabilidade recai não só nos profissionais de saúde, mas também nos decisores políticos, que devem garantir financiamento e supervisão adequada das campanhas de vacinação. O ressurgimento do sarampo destaca a necessidade de vigilância contínua e respostas consistentes em saúde pública para evitar efeitos prejudiciais evitáveis.
Durante décadas, o sarampo foi considerado uma doença em vias de controlo em grande parte do mundo. As campanhas globais de vacinação reduziram drasticamente a mortalidade desde o início dos anos 2000. No entanto, os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde mostram que, apesar de uma queda histórica nas mortes, os casos voltam a aumentar em várias regiões. O reaparecimento do sarampo expõe fragilidades persistentes nos sistemas de saúde pública e levanta questões claras de responsabilização institucional.
A principal causa deste retrocesso está na quebra da cobertura vacinal. Interrupções nos serviços de saúde, falhas na cadeia de distribuição, dificuldades logísticas, conflitos e a desinformação têm limitado o acesso às vacinas. Quando essas falhas se prolongam no tempo, deixam de ser apenas problemas técnicos e passam a reflectir insuficiência na planificação, na gestão e na fiscalização das políticas de saúde.
O sarampo, embora muitas vezes desvalorizado, continua a provocar internamentos, complicações graves e mortes evitáveis, sobretudo em contextos de maior vulnerabilidade. Cada surto revela não apenas a circulação de um vírus, mas também a incapacidade de assegurar um serviço básico de prevenção a toda a população.
A responsabilidade não recai apenas sobre os profissionais no terreno, muitas vezes a operar com meios limitados, mas sobretudo sobre os decisores políticos, as entidades gestoras e os organismos de tutela que devem garantir financiamento, supervisão eficaz e continuidade das campanhas de vacinação.
O ressurgimento do sarampo mostra que os ganhos em saúde pública exigem vigilância permanente e respostas consistentes. A responsabilização dos diferentes níveis de decisão é essencial para evitar que doenças preveníveis continuem a produzir efeitos que poderiam ser evitados.






