A doença se espalhou rapidamente para 16 das 21 províncias angolanas. E a maior parte das notificações é de angolanos abaixo de 20 anos de idade.
Prevenção e tratamento
Autoridades e a Organização Mundial da Saúde, OMS, juntaram esforços para enfrentar o surto com uma série de reuniões em comunidades afetadas, participação da sociedade civil e anúncios de saúde pública em meios de comunicação para orientar sobre prevenção e tratamento.
No município de Caluquembe, na província de Huíla, a parceria da OMS com os angolanos está ajudando a construir infraestrutura com mais latrinas e pontos de água potável, como explicou Mariana Soma, administradora em Caluquembe.
“O desafio é muito grande. Aqui na vila, é mais fácil encontrarmos famílias que têm latrina e fazem uso das latrinas. Porque há aqueles que as têm, mas não fazem uso correto das mesmas latrinas. Estivemos a ver ao nível da área rural, poucas são as famílias que têm latrina e usam. Então é mesmo desafiante é um processo que precisamos reforçar, de passar a informação para ver se diminui esta questão da defecação ao ar livre.”
Muitos não têm latrinas e água limpa
A equipe da OMS e de Angola visitou várias aldeias para aumentar o fluxo de informação sobre prevenção do cólera. Os especialistas levaram treinamento sobre a construção de privadas com material local e redução da defecação a céu aberto. A meta é evitar a fonte de contaminação.
Muitos angolanos em Huíla têm acesso limitado à água potável. Do Centro de Tratamento do Cólera em Caluquembe, José Coelho, conta que estava muito doente.
“Eu não consigo mais fazer nada. Estou bem mal mesmo. Mas chegamos aqui, graças a Deus.”
Outra paciente, Judite Júlio José agradeceu os cuidados.
“Graças a Deus”
“É mesmo a morte, mas depois de chegar ao hospital eu pensei: se não morreu já não deu, estou com vida. Graças a Deus cheguei ao hospital e graças aos enfermeiros sempre.”
O diretor do Centro de Saúde do município, Joaquim Ismael, lembra o papel da higiene para prevenir o cólera.
“A cólera é uma doença que atua por falta de higiene. Quando não temos higiene, nós temos casos. Quando não tomamos água potável, então estamos a ter casos.”
Já na vila de Makua, alguns integrantes lembraram que o consumo da água vem do rio, onde lavam e utilizam a mesma água para beber. E grande parte dos moradores não usa latrinas na hora de ir ao banheiro.
Alguns dos integrantes da missão da OMS com parceiros angolanos lembraram que as novas infraestruturas de água e saneamento básico feitas com a participação da comunidade querem reduzir a transmissão do cólera nas áreas de risco.
Campanha de vacinação
Além de diagnósticos mais rápidos, a comunidade também está participando de uma campanha de vacinação contra o cólera.
Uma das preocupações para o Ministério da Saúde é o movimento de pessoas nas fronteiras angolanas, a estação de chuvas e o maior risco de contaminação.
Somente em fevereiro, a taxa de novas infecções ultrapassou 1 mil casos por semana. Na semana de 23 de março, esse número subiu 20% chegando a 1,2 mil casos a cada sete dias.
A maior parte das notificações por cólera vem de duas províncias: a capital Luanda com 48,5% dos novos casos e Bengo com 29,1%.
O período de incubação do cólera pode ser de 48 horas a cinco dias após o consumo de água ou alimentos contaminados.
*Com reportagem da OMS.
Fonte: ONU