As discussões são parte do processo de revisão previsto no “Pacto para o Futuro”, assinado pelos Estados-membros. No último ano, mais de 60 governos e organizações da sociedade civil já enviaram propostas para o processo.
Um salva-vidas global
Atualmente, mais de 60 mil homens e mulheres de 115 países servem em 11 missões de paz das Nações Unidas, combinando forças militares, policiais e civis. O subsecretário-geral para Operações de Paz, Jean-Pierre Lacroix falou sobre o papel crucial das missões.
Ele afirmou que as operações de paz não são um luxo, mas um salva-vidas para milhões de pessoas que contam com elas para um futuro sem medo. Para o subsecretário-geral, a ONU tem de estar pronta para responder com missões adaptáveis, guiadas por estratégias políticas robustas e aproveitando ferramentas como tecnologias digitais e inteligência artificial para avaliar dados e medir resultados.
Lacroix enfatizou que além de proteger civis, as operações devem apoiar a responsabilização dos governos, promover os direitos humanos, fortalecer a agenda de mulheres, paz e segurança e manter esforços firmes contra a exploração e o abuso sexual, em linha com a política de tolerância zero do secretário-geral António Guterres.
Condições políticas
Lacroix sublinhou que o objetivo final não é manter missões indefinidamente, mas sim criar condições políticas que permitam a sua retirada sem risco de reativar o conflito. Para isso, defendeu “o apoio forte, unificado e contínuo do Conselho, através de mandatos claros, engajamento político ativo e declarações de apoio”.
O chefe das Operações de Paz acrescentou ainda que os países devem pagar as suas contribuições em dia, lembrando que a capacidade da ONU de proteger pessoas é muitas vezes a principal medida pela qual é avaliada.
Novos riscos e prioridades
Também na reunião do Conselho de Segurança, a subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, alertou para a complexidade crescente dos conflitos atuais, que se tornaram mais internacionalizados e com proliferação de grupos armados não estatais que recorrem a táticas terroristas.
DiCarlo apontou três prioridades para as futuras missões políticas: focar em objetivos iniciais mais limitados – como travar a violência ou apoiar cessar-fogos frágeis, reforçar a coordenação com pessoal da ONU nos países; e acabar com abordagens únicas de que o mesmo modelo tem de servir a todas as regiões. O que necessariamente funciona numa parte do mundo pode não ser eficiente em outra. Para ela, é preciso respeitar as diferenças locais.
A subsecretária-geral concluiu defendendo que é necessário recuperar o foco político voltando a priorizar as questões políticas que alimentam cada conflito e encontrar respostas multilaterais para elas.
Fonte: ONU