Resumo
O secretário-geral da ONU, António Guterres, participa de uma cúpula em Sharm el Sheikh, no Egito, sobre o cessar-fogo entre Israel e o Hamas, elogiando a libertação de reféns e prisioneiros como parte do acordo. Guterres destacou a importância da mediação de vários países e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para garantir a segurança das libertações. Ele enfatizou a necessidade de financiamento contínuo para apoiar as operações humanitárias em Gaza e apelou a todas as partes para consolidarem o cessar-fogo em busca de uma "paz duradoura". O subsecretário-geral da ONU de Assistência Humanitária anunciou um investimento de U$ 11 milhões adicionais para apoiar as operações humanitárias em Gaza antes do inverno, somando-se aos US$ 9 milhões já alocados para garantir o abastecimento de combustível na região.
A cúpula ocorre após forças israelenses saírem de partes de Gaza e do Hamas libertar 20 reféns que estavam em cativeiro há mais de dois anos.

Momento de “frágil esperança”
Em mensagem, divulgada por seu porta-voz, Guterres saudou a implementação contínua do cessar-fogo em Gaza, com base na proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, incluindo a libertação de reféns israelenses e soltura de prisioneiros palestinos.
Ele elogiou os governos do Catar, do Egito, dos Estados Unidos e da Turquia pelos “esforços persistentes de mediação” reconhecendo ainda o papel “indispensável” do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para garantir que todas as libertações ocorram de forma segura e humana.
O líder da ONU afirmou que, com o cessar-fogo em vigor, os povos de Gaza e de Israel “começam a vislumbrar a frágil esperança de calma após meses de destruição”.
Ele disse que a Nações Unidas e seus parceiros estão ampliando rapidamente as operações em Gaza, e agências da organização já alcançam comunidades em áreas isoladas há meses.
Guterres ressaltou que esses esforços marcam um primeiro passo essencial para estabilizar as condições e “restaurar a dignidade humana básica”, mas lembrou que as necessidades continuam vastas, o que requer financiamento contínuo.

Apelo por “paz duradoura”
O chefe da ONU fez um apelo a todas as partes para que consolidem o cessar-fogo e o transformem em “paz duradoura”.
Ele pediu ainda que os atores regionais e internacionais aproveitem este momento de trégua para reiniciar um processo “político confiável que possa gerar o resultado de dois Estados independentes, soberanos e democráticos, Israel e Palestina”.
Guterres enfatizou que ambos podem viver lado a lado, em paz e segurança, dentro de suas fronteiras seguras e reconhecidas com base nas linhas pré-1967, com Jerusalém como capital de ambos os Estados.
Investimento de U$ 20 milhões em resposta humanitária
O subsecretário-geral da ONU de Assistência Humanitária, Tom Fletcher, que também está em Sharm el Sheikh, anunciou U$ 11 milhões adicionais do Fundo Central de Resposta a Emergências para apoiar a ampliação imediata das operações humanitárias em Gaza antes do inverno.
Isso se soma à alocação de US$ 9 milhões anunciada na semana passada para garantir o abastecimento de combustível suficiente para manter os serviços vitais em funcionamento em toda a Faixa de Gaza.
O Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, disse que obteve aprovação israelense para a entrada de 190 mil toneladas de alimentos, itens de abrigo, medicamentos e outros suprimentos, 20 mil a mais do que o acordado anteriormente.
Pela primeira vez desde março, o gás de cozinha foi autorizado a entrar no enclave.

Facilidade de movimentação
Além disso, tendas para famílias deslocadas, carne congelada, frutas frescas, farinha e medicamentos também cruzaram para Gaza ao longo do domingo, de acordo com o Ocha.
A agência também destacou que funcionários e parceiros agora podem se movimentar com mais facilidade “em diversas áreas”, um avanço considerado bem-vindo após as constantes restrições de acesso impostas pelas autoridades israelenses.
Profissionais humanitários relataram que com o início da retirada do exército israelense, os moradores começaram a retornar para a Cidade de Gaza, onde o cenário é de “destruição generalizada de prédios residenciais”.
De sexta a domingo, foram registrados quase 310 mil movimentos de pessoas do sul para o norte de Gaza e cerca de 23 mil movimentos em outras direções.
O plano da ONU para os primeiros 60 dias do cessar-fogo prevê operações para fornecer ajuda e serviços vitais a praticamente todos em Gaza.
Fonte: ONU