Os partidos da oposição representados na Assembleia Províncial de Cabo Delgado exigem ao Governo a criação de melhores condições materiais e logísticas para as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, para acabar com o terrorismo no norte do país.
“A guerra movida por gananciosos, que tudo fazem para se apoderar dos nossos recursos, está a ganhar terreno por falta de vontade do Governo em prover uma logística à altura do exército. Os nossos filhos, irmãos e primos estão na linha da frente, defendendo a nossa soberania com todas as dificuldades possíveis, desde treinamento defeituoso, a falta de equipamentos, alimentos e até água”, acusou Fernando Nacule, membro da Assembleia provincial de Cabo Delgado pela bancada da Renamo.
A situação é considerada crítica e a fonte questiona a diferença entre as Forças Armadas de Moçambique e as da República do Ruanda, que estão a trabalhar com quase todas condições necessárias para o combate ao terrorismo.
“Gostaríamos de entender o mandato das tropas ruandesas, para tecermos com propriedade o tipo de apoio que presta ao nosso país, mas sabemos que se apresenta com melhores condições tanto como equipamento militar, como logística”, observou Fernando Nacule.
As críticas ao Governo sobre a falta de condições para as Forças Armadas de Moçambique foram feitas durante a terceira sessão da Assembleia Províncial de Cabo Delgado, onde todas as bancadas representadas no órgão pediram ao Governo o reforço no combate ao terrorismo, para pôr fim ao drama humanitária da população, que dura há cerca de oito anos.
“Voltamos a encorajar as nossas Forças de Defesa e Segurança, para que prossigam com a mesma determinação no esforço de pôr fim a esta banalização da vida humana, caracterizada por decapitações, violação de mulheres, raptos, roubos, destruição de bens entre outros actos bárbaros que constituem o modus operandis dos terroristas, que ainda persistem em alguns pontos do solo pátrio. Os membros desta assembleia províncial têm ouvido de forma reiterada o clamor das comunidades para que o nosso governo continue a priorizar e intensificar todas as acções necessárias para pôr termo ao terrorismo na nossa província”, apelou Francisco Loureiro, Presidente da Assembleia Províncial de Cabo Delgado.
O governador de Cabo Delgado considerou legítimas as preocupações apresentadas pela Assembleia Provincial e reconheceu a gravidade da situação, mas, devido à complexidade do problema, evitou fazer promessas, limitando-se a lamentar o drama da população da província, que há vários anos vive num ambiente de guerra.
“Volvidos trinta e três anos desde que foi assinado o Acordo Geral de Paz em 1992 em Roma, a população de Cabo Delgado não vive em Paz. Vive com focos de extremismo violento desde 5 de Outubro de 2017. Apesar de tudo, saudamos as nossas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, as forças amigas do Ruanda e da Tanzânia e as forças locais pelo trabalho incansável e incondicional na proteção da população das mãos dos extremismo violento”, tranquilizou Valige Tauabo, Governador de Cabo Delgado.
A preocupação em relação a falta de condições para as Forças de Defesa de Moçambique foi levantada numa altura em que Cabo Delgado voltou a registar a intensificação e o alastramento dos ataques terroristas que actualmente ocorrem no sul da província, que era tida como a mais segura.
Além da melhoria das condições logísticas e matérias das Forças Armadas de Moçambique, os membros da Assembleia Províncial de Cabo Delgado apelam ao aumento da solidariedade para as vítimas do terrorismo, que obrigou ao deslocamento de quase dois milhões de pessoas, que perderam quase tudo o que tinham e vivem num drama humanitário.
Fonte: O País