Os preços do ouro estão a consolidar uma tendência de alta, colocando o metal precioso na trajectória do seu melhor desempenho semanal desde meados de Novembro. Este movimento é impulsionado pela incerteza que paira sobre as políticas económicas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e pela expectativa em torno do relatório de emprego não-agrícola nos EUA, aguardado com grande atenção pelos mercados.
O ouro à vista registou uma valorização de 0,2%, fixando-se em 2.674,36 dólares por onça às 05h51 GMT. Até ao momento, o ouro acumulou um ganho superior a 1% na semana. Paralelamente, os futuros do ouro nos Estados Unidos subiram 0,3%, atingindo 2.699 dólares por onça. Estes números reflectem o aumento da procura por activos considerados seguros num cenário de incerteza global.
Relatório de Emprego nos EUA: Um foco crucial
O mercado aguarda agora o relatório das folhas de pagamento não-agrícolas, previsto para ser divulgado às 13h30 GMT. De acordo com uma pesquisa da Reuters, projeta-se que as folhas de pagamento tenham crescido 160.000 em Dezembro, contrastando com o aumento de 227.000 registado em Novembro. Este dado será crucial para avaliar as próximas decisões do Federal Reserve (Fed) em relação às taxas de juro.
Jigar Trivedi, analista sénior da Reliance Securities, afirmou: “Esperamos que o ouro registe alguma correção caso o relatório das folhas de pagamento exceda as expectativas.” Contudo, um relatório de emprego privado mais fraco do que o esperado para Dezembro deu suporte ao ouro, reforçando a perspectiva de que o Fed poderá adotar uma postura mais moderada em relação a cortes nas taxas.
Postura do Federal Reserve e implicações
Na quinta-feira, Jeff Schmid, Presidente do Fed de Kansas City, sinalizou relutância em implementar cortes adicionais nas taxas de juro, referindo-se à resiliência da economia norte-americana e à inflação acima da meta de 2%. Por outro lado, as propostas tarifárias e de imigração de Trump podem prolongar o combate à inflação, mantendo os mercados em alerta.
Os investidores utilizam agora a ferramenta CME FedWatch para prever a probabilidade de cortes nas taxas, com as estimativas apontando para um primeiro ajuste em Maio ou Junho. Enquanto o ouro continua a ser visto como uma protecção contra a inflação, taxas de juro mais elevadas tendem a reduzir o seu apelo, uma vez que aumentam o custo de oportunidade de manter o metal.
Metais preciosos: Acompanhamento do mercado
Além do ouro, outros metais preciosos também registaram movimentações significativas. A prata à vista valorizou-se 0,6%, alcançando 30,30 dólares por onça, enquanto o contrato COMEX foi negociado a 31,17 dólares, aproximando-se de máximos de um mês. O Deutsche Bank, numa nota recente, projectou que a prata poderá recuperar juntamente com o ouro no segundo semestre de 2025, atingindo os 35 dólares por onça.
A platina recuou 0,1%, para 957,28 dólares, enquanto o paládio subiu 1,2%, fixando-se em 937,82 dólares. Ambos os metais, juntamente com o ouro e a prata, estão encaminhados para fechar a semana em alta.
Um cenário de incerteza e oportunidade
O mercado de metais preciosos permanece sensível às flutuações económicas e políticas, com o ouro a consolidar-se como uma escolha estratégica para os investidores que procuram segurança em tempos de incerteza. O impacto das decisões do Federal Reserve e a evolução das políticas económicas dos Estados Unidos serão determinantes para o comportamento futuro do mercado, mantendo o foco dos analistas e investidores nas movimentações globais.
Fonte: O Económico