Questões-Chave:
Futuros do ouro nos EUA alcançam os $3.534,10 por onça, um novo recorde histórico;
Tarifas sobre barras de ouro de 1 kg elevam custos e provocam disrupções nas liquidações bancárias;
Spot gold mantém tendência de valorização com apoio de expectativas de corte nas taxas de juro pela Fed;
Países como Suíça, Brasil e Índia afectados por nova vaga tarifária da Administração Trump.
Os contratos futuros de ouro negociados nos Estados Unidos dispararam para máximos históricos esta sexta-feira, após revelações de que Washington impôs tarifas sobre a importação de barras de ouro de 1 kg. A decisão desencadeou perturbações nos mercados, com reflexos imediatos na liquidez e nos preços, ampliando a diferença entre as cotações à vista e os contratos futuros.
O preço do ouro à vista manteve-se estável nos $3.394,36 por onça, às 06h20 GMT, depois de atingir o seu nível mais elevado desde 23 de Julho. A trajectória semanal aponta para uma valorização em torno de 1%, numa conjuntura dominada por turbulências comerciais e sinais de possível afrouxamento monetário por parte da Reserva Federal norte-americana.
Por sua vez, os futuros do ouro com entrega em Dezembro registaram uma subida de 1,3%, situando-se em $3.499,30, após alcançarem o recorde de $3.534,10.
O catalisador desta escalada abrupta foi uma reportagem do Financial Times, que divulgou uma carta da Customs and Border Protection norte-americana datada de 31 de Julho. O documento reclassifica as barras de ouro de 1 kg e 100 onças sob um código aduaneiro sujeito a tarifas mais elevadas — uma medida que atinge directamente centros de refinação como a Suíça, a maior do mundo.
Segundo Brian Lan, director-geral da GoldSilver Central (Singapura), “as tarifas sobre as barras de ouro vão criar uma disrupção — ou mesmo problemas — nos processos de liquidação dos grandes bancos, o que ficou reflectido na liquidez esta manhã, com preços a dispararem por todo o lado”.
As novas tarifas fazem parte de um pacote mais amplo de medidas comerciais promovidas pela Administração de Donald Trump, que entrou em vigor na quinta-feira. A ofensiva inclui tarifas sobre produtos de dezenas de países, com destaque para Suíça, Brasil e Índia, que agora correm para renegociar condições mais favoráveis de acesso ao mercado norte-americano.
O ouro, tradicionalmente visto como activo-refúgio em tempos de incerteza política e financeira, reforçou assim o seu papel como instrumento de preservação de valor. A movimentação dos investidores também reflecte a crescente expectativa de que a Fed venha a reduzir a taxa de juro já no próximo mês — um cenário sustentado pelos últimos dados laborais, considerados mais fracos que o esperado. O FedWatch Tool, da CME Group, aponta para uma probabilidade de 91% de um corte de 25 pontos base.
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p dir=”ltr”>Nos restantes metais preciosos, a prata à vista caiu 0,4% para $38,15 por onça, o platina desvalorizou 0,1% para $1.332,59 e o paládio recuou 0,2% para $1.148,77.
Fonte: O Económico