O ouro atingiu um novo recorde histórico esta semana, ultrapassando a marca dos $3.038,90 por onça, consolidando-se como um dos ativos de refúgio mais procurados pelos investidores. A valorização ocorre em meio a um cenário global marcado por tensões geopolíticas, incertezas comerciais e expectativas sobre as taxas de juro da Reserva Federal dos EUA.
Geopolítica e incertezas económicas impulsionam a valorização
O conflito no Médio Oriente intensificou-se, com ataques aéreos israelitas em Gaza que resultaram em mais de 400 mortos, aumentando a instabilidade na região. Estes eventos reforçaram a procura por ativos considerados seguros, como o ouro, que historicamente se valoriza em momentos de turbulência global.
Além disso, as políticas comerciais dos EUA, especialmente as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump sobre o aço e o alumínio, aumentaram o receio de um abrandamento económico global e um possível cenário de recessão. O mercado vê o ouro como uma proteção contra essas incertezas, principalmente devido à sua característica de reserva de valor.
Decisão da Reserva Federal dos EUA: um fator chave para o futuro do ouro
A valorização do ouro também está ligada às expectativas sobre a política monetária dos EUA. A Reserva Federal deve manter as taxas de juro entre 4,25% e 4,50%, mas os investidores aguardam sinais sobre futuras decisões.
O economista Tim Waterer, da KCM Trade, explica que, se o Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) adotar um tom mais dovish – ou seja, indicar um possível afrouxamento monetário –, isso pode impulsionar ainda mais o ouro, permitindo que ultrapasse a barreira dos $3.050 por onça.
Impactos no mercado financeiro global e economias emergentes
A forte valorização do ouro tem implicações diretas para os mercados financeiros globais. Num contexto de aversão ao risco, ativos como ações e divisas emergentes tendem a perder valor, enquanto o ouro, a prata e outras commodities não correlacionadas com o sistema financeiro tradicional se fortalecem.
Para economias emergentes, esta valorização representa um misto de desafios e oportunidades. Países produtores de ouro, como África do Sul, Gana e Brasil, podem beneficiar do aumento das receitas de exportação, enquanto nações importadoras poderão enfrentar custos mais elevados para adquirir o metal precioso.
Perspectivas futuras: até onde pode subir o ouro?
Se as tensões geopolíticas persistirem e a Fed indicar uma abordagem mais cautelosa para as taxas de juro, o ouro pode continuar a sua trajetória ascendente. Contudo, uma possível recuperação económica e um endurecimento da política monetária norte-americana podem limitar este movimento de valorização.
Os investidores agora aguardam o pronunciamento do Presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, para avaliar o impacto da política monetária na trajectória do ouro. Até lá, o metal precioso segue como o grande vencedor num cenário global repleto de incertezas.
Fonte: O Económico