“Deliberou-se (…) a realização do primeiro conselho nacional nos dias 21 e 22 de setembro, também aqui em Maputo, portanto um dia a seguir à realização do lançamento oficial do partido”, disse Dinis Tivane, porta-voz do partido, também nomeado interinamente, durante uma conferência de imprensa após a realização da primeira sessão extraordinária da Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (Anamola), em Maputo.
Dinis Tivane avançou que o lançamento oficial do partido que “veio para salvar Moçambique” vai decorrer em 20 de setembro, na capital moçambicana, referindo ainda que, entre outros órgãos, Venâncio Mondlane foi indicado para presidente interino do Anamola e Alberto Manhique para secretário-geral interino.
“Até à realização do congresso o engenheiro Venâncio Mondlane vai presidir interinamente os destinos do partido. Portanto aproveitamos desde já para comunicar que todos os documentos que vigoram também estão com a mesma natureza de interinidade, portanto são temporários até à realização do nosso convénio”, referiu o porta-voz.
Na primeira sessão extraordinária, o partido Anamola aprovou também a criação da fundação Elvino Dias, ex-advogado e mandatário político de Venâncio Mondlane, assassinado em outubro de 2024, na cidade de Maputo, além de ter sido também aprovada a criação da Associação Anamola.
“Prestamos homenagem àquele que disse: vamos continuar a lutar até ao fim (…). Vamos homenagear Elvino Dias em nome das mais de 500 pessoas, oficialmente ditas, que tombaram pelo movimento Anamola”, acrescentou Dinis Tivane, acrescentando que partes das quotas do partido serão conduzidas para “ações de reparação ou compensação” aos afetados pelas manifestações pós-eleitorais.
O Anamola aprovou também um sistema eletrónico de adesão de membros ao partido, a ser lançado também em setembro, visando “facilitar a vida das pessoas”.
O partido Anamola foi aprovado pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos de Moçambique em 15 de agosto, num pedido de registo que deu entrada em abril, disse à Lusa o seu mandatário judicial, Mutola Escova.
Venâncio Mondlane manifestou, na terça-feira, a pretensão de o seu partido participar do diálogo político em curso em Moçambique, afirmando ter ideias a submeter para reformas no Estado e do sistema eleitoral.
“Temos interesse e não só dizemos isso hoje, como também nas duas sessões que nós tivemos com o Governo atual, nós fizemos questão de repisar esta questão: queremos contribuir, temos ideias a submeter”, disse Mondlane.
O político anunciou em 07 de agosto que alterou a designação do seu partido, passando de Anamalala para Anamola, após pedido do Governo moçambicano, que considerou que a anterior sigla carregava “um significado linguístico”.
Anamalala significa “vai acabar” ou “acabou”, expressão usada por Venâncio Mondlane durante a campanha para as eleições gerais de 09 de outubro de 2024 – cujos resultados não reconhece – e que se popularizou durante os protestos por si convocados nos meses seguintes.
Moçambique viveu desde as eleições gerais de 09 de outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.
Segundo organizações não-governamentais que acompanham o processo eleitoral, morreram cerca de 400 pessoas em confrontos com a polícia, conflitos que cessaram após dois encontros entre Mondlane e Chapo, com vista à pacificação do país.
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Fonte: Notícias ao Minuto