A escritor Paulina Chiziane e o artista plástico Coana uniram-se para uma criação estética. Intitulara “Diálogo entres letras e cores”, trata-se de uma exposição ao vivo, na qual o artista Sebastião Coana divide o mesmo palco na arte de pintar e contar histórias literárias e cantadas, pela escritora Paulina Chiziane.
A mostra, segundo uma nota de imprensa, um conceito novo no panorama artístico do artista plástico Coana, é uma transformação cósmica, onde a execução dos seus traços e imagens icónicas, aliadas às suas cores quentes, com expressões sociais, e culturais, fazem uma simbiose à mensagem cantada por Paulina Chiziane.
A exposição em que Coana vai pintar ao vivo será inaugurada esta quarta-feira, às 18h, com três quadros de 2x2m em telas virgens, das quais dois estarão em leilão no dia 29 deste mês, naGaleria do Porto de Maputo.
A exposição de Coana e Paulina Chiziane acompanha 15 obras de artes que inspiraram o artista a sobreviver das tempestades, obras de 8.0x9.0à23.0x33.0cm, usando técnicas mista sobre tela com textura eimpasto,estarão abertas ao público de 30 Janeiro a 09 Fevereiro.
“É uma exposição que abre as actividades de Coanaem 2025, de onde será apresentadanos bairros depois de 09 de Fevereiro, através da iniciativa Arte na Zona, da Associação Movimento Artístico, a um público diversificado, de curiosos, de estudantes, de iniciantes na pintura, e demais”, lê-se na nota de imprensa.
Para Coana, a mostra é uma fusão de pintura e literatura, “como artista plástico e jovem, é uma honra poder trabalhar com a mamã PaulinaChiziane. É uma iniciativa para os restantes seguidores das artes e apreciadores, é um evento que corre pela primeira vez em Moçambique, e com muitas surpresas. É uma honra ainda, como artista plástico, ter essa oportunidade de poder viver esta experiência de observare criar oportunidades de podermos receber da mamã Paulina a comida artística para o ecossistema artístico-cultural no nosso país. Como jovem, vou aprender com a mãe Paulina Chizianee carrego também uma responsabilidade de poder ensinar aos outros que seguem neste ramo das artes plásticas, para podermos deixar Moçambique com uma geração de artistas. A arte é a essência do ser humano. E todo o resto são, as diferentes expressões de arte. Todos nós, artistas, carregamos uma responsabilidade de fazermos da arte uma expressão que possa inspirar e mudar a sociedade. Quando pintamos, quando escrevemos e quando cantamos, nós às vezes, falamos de um problema através da arte, exteriorizamos aquilo que sentimos, mas no fundo, um sentimento de dor, tem milhares de pessoas que também o sentem, e as artes e cultura é que, no entanto, nos apoiam’’.
Por sua vez, para Paulina Chiziane, as cores, as formas, os movimentos são também formas literárias’, disse a escritora Paulina Chiziane. E acrescentou que, ‘’portanto, não sinto que haja uma fronteira entre as diferentes artes.Pelo contrário, todas as artes comungam, caminham juntas. E é tão bom para mim trabalhar com artista plástico, Coana, porque um dos meus sonhos de infância também foi pintar. Mas a condição da família e a condição social na altura não permitiram que, sobretudo, uma mulher ficasse com o pincel na mão. O meu pai ainda permitia ficar com a caneta na mão, mas com o pincel não. Primeiro, não havia condições financeiras nem materiais. E segundo, porque sou mulher e tenho que ser preparada como mulher para a vida do futuro. Quando me surgiu esta oportunidade, confesso, este jovem Coana transportou-me ao mundo da minha infância. Tornou aquele meu sonho de infância a realidade que hoje vai acontecer. E isso me emociona bastante. Muitas vezes nós nos limitamos,colocamos fronteiras dentro de nós.Essas fronteiras são imaginárias, porque dentro de cada ser humano existe toda esta dimensão,todo este poder. É uma questão de a gente descobrir, perseguir o sonho, caminhar até chegar a algum lugar que nós não podemos alcançar, o umbigo do infinito.E para mim é um privilégio poder participar nesta linha, neste rio chamado vida. Ontem já fui um fruto, uma semente, tornei-me agora a raiz e hoje uma sombra que consegue albergar esta juventude.Os mais velhos têm o seu tempo, tiveram o seu tempo, a sua história que constitui a raiz e a sombra desta geração nova. A geração nova tem outros olhos e outros horizontes. E quando nos unimos, às vezes, o conflito de gerações existe, o que é normal. Mas esta união entre os velhos e os novos abre novos horizontes e dá raízes seguras àquele que ainda está em actividade.Eu trago o corpo cansado, a mente cansadade todas as andanças e toda a experiência. Os mais novos estão leves. E a leveza que eles trazem emprestam-me. Quantas vezes eu digo, eu quero descansar hoje, quero ter o meu descanso. A arte como essência é a expressão da alma e a arte é eterna’’.
Na mostra, a peça conta uma história que reflecte a visão e a perspectiva de vida do artista. Um dos aspectos mais marcantes da exposição ao vivo, é o uso de cores em que emprega tons ousados para criar imagens vívidas nos contos de Paulina Chiziane, que capturam a essência de seus temas.
Fonte: O País