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Os preços do petróleo recuaram nesta Quinta-feira, 5 de Junho, pressionados por uma acumulação superior ao esperado nos inventários de combustíveis nos Estados Unidos e pela decisão da Arábia Saudita de cortar os preços para os clientes asiáticos, numa altura em que a procura global mostra sinais de fraqueza.
O mercado petrolífero global enfrenta nova vaga de incertezas, com os preços do Brent a deslizarem para 64,72 USD por barril (menos 0,2%) e os do WTI para 62,61 USD (menos 0,4%), num contexto marcado por dados desanimadores da economia norte-americana, cortes estratégicos de preço da Arábia Saudita e um panorama global cada vez mais frágil.
Segundo dados oficiais, os stocks de gasolina e gasóleo nos EUA cresceram significativamente acima do previsto, o que indica uma procura enfraquecida na maior economia mundial. A desaceleração foi reforçada pela contracção do sector dos serviços norte-americano, o que faz aumentar os receios de estagflação — crescimento lento com inflação elevada.
Paralelamente, a Arábia Saudita, maior exportador mundial de crude, reduziu os preços do petróleo destinados à Ásia para o nível mais baixo dos últimos dois meses. Embora o corte tenha sido inferior ao antecipado pelos analistas, sinaliza uma fraqueza latente da procura, mesmo em pleno período de pico sazonal de consumo.
“A diminuição de preços por parte da Arábia Saudita sugere que a procura continua frágil, apesar de estarmos em plena época alta”, assinalou o banco ANZ em nota de análise.
Estes movimentos ocorrem na sequência da decisão da OPEP+ — que integra países como a Arábia Saudita e a Rússia — de aumentar a produção em 411 mil barris por dia a partir de Julho, numa tentativa de responder à concorrência e reafirmar controlo sobre as quotas de mercado, pressionando simultaneamente os produtores não-alinhados.
Tensões Geopolíticas e Perspectiva Global Sombria
Para além dos factores de oferta e procura, o mercado permanece afectado por um clima internacional instável. A retórica endurecida entre Donald Trump e Xi Jinping, a incerteza nas negociações comerciais EUA-China, e as recentes tarifas sobre metais impostas por Washington estão a criar perturbações adicionais no comércio global.
A União Europeia reportou progressos nas suas negociações com os EUA, mas a volatilidade das posições da administração Trump continua a alimentar receios de uma nova vaga de desaceleração económica mundial.
“Uma trajectória económica global sombria está a obscurecer as perspectivas da procura de petróleo”, afirmou a analista Tina Teng, acrescentando que os mercados permanecem altamente sensíveis a qualquer sinal de deterioração adicional nas relações entre as duas maiores economias do planeta.
Fonte: O Económico