Os preços do petróleo mantiveram-se praticamente inalterados esta terça-feira, 05 de Agosto de 2025, após três sessões consecutivas de quedas, pressionados pelo receio de sobreoferta no mercado internacional, na sequência do mais recente acordo da OPEP+. As crescentes tensões geopolíticas entre os Estados Unidos, a Índia e a Rússia adicionam uma camada adicional de incerteza quanto à evolução do mercado.
Os contratos futuros do Brent mantiveram-se estáveis em 68,76 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) norte-americano recuou ligeiramente 2 cêntimos, fixando-se em 66,27 dólares por barril. Ambos os índices haviam recuado mais de 1% na sessão anterior, atingindo os seus níveis mais baixos em uma semana.
O foco dos mercados está centrado na recente decisão da OPEP+, que anunciou no domingo um aumento da produção em 547 mil barris por dia para Setembro. Esta decisão representa uma reversão significativa das restrições de oferta anteriormente impostas – que somavam cerca de 2,5 milhões de barris por dia, equivalentes a 2,4% da procura global.
Contudo, analistas sublinham que a quantidade efectivamente devolvida ao mercado poderá ser inferior à anunciada, reflectindo limitações operacionais e questões de cumprimento dentro da própria aliança.
Paralelamente, os EUA aumentaram a pressão sobre a Índia para cessar as compras de petróleo russo, no contexto do seu esforço para forçar Moscovo a um acordo de paz com a Ucrânia. O Presidente Donald Trump ameaçou aplicar tarifas secundárias de 100% sobre os compradores de crude russo, após já ter anunciado, em Julho, uma tarifa de 25% sobre as importações indianas.
Dados comerciais revelam que a Índia, principal importador de petróleo marítimo russo, adquiriu cerca de 1,75 milhões de barris por dia entre Janeiro e Junho deste ano – um aumento de 1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Segundo Daniel Hynes, estratega sénior de matérias-primas do ANZ, “qualquer interrupção nessas compras obrigaria a Rússia a procurar novos compradores entre um grupo cada vez mais reduzido de aliados”.
Os mercados permanecem atentos ainda à evolução da política tarifária dos EUA em relação aos seus parceiros comerciais, temendo-se que um endurecimento possa desacelerar o crescimento económico global e reduzir a procura de combustíveis.
Fonte: O Económico